Uma das frutas mais consumidas em todo o mundo, a banana movimenta um mercado global que ronda os US$ 140 bilhões anuais, segundo dados da consultoria Mordor Intelligence.
Os maiores produtores são países tropicais, sobretudo da América Central, e o coprador está, muitas vezes, a milhares de quilômetros de distância, exigindo esforços logísticos para que ela chegue aos supermercados na hora certa para o consumo.
Não é uma tarefa corriqueira para as principais empresas exportadora. E, assim como tem acontecido com outras culturas do agro, está no alvo de agtechs voltadas para o uso da inteligência artificial (IA).
A empresa Strella Biotech, que tem como objetivo diminuir os índices de desperdício alimentar, quer colocar IA para decifrar os sinais que a banana envia ao longo de seu amadurecimento e, assim, evitar perdas nesse processo.
Sediada em Seattle, nos Estados Unidos, a Strella ganhou força no mercado de maçãs nos últimos anos graças a uma tecnologia de monitoramento, que agora tenta replicar com outros elementos da salada de fruta.
A CEO da empresa, Katherine Sizov, explicou ao portal especializado em tecnologia alimentar The Spoon, o modelo de machine learning desenvolvido pela Strella consegue decifrar as fases de amadurecimento desde o verde até o amarelo perfeito de bananas ao identificar “o que as frutas estão dizendo”.
Segundo Sizov, o hardware usado para monitorar bananas é o mesmo que a Strella usa nas maçãs. O software, por sua vez, tem algoritmos diferentes. A diferença está no ciclo de maturação das frutas, que é mais longo em maçãs e peras do que em abacates e bananas.
Os principais indicadores de maturidade que enviam sinais durante a fase de maturação são o etileno e o CO2 emitidos pelo produto. O módulo de hardware Strella possui oito sensores diferentes, detectando esses elementos, além de outros fatores ambientais, como calor e umidade.
Os novos algoritmos da máquina da Strella podem ajudar a determinar com precisão quanto de cada um é necessário para ajustar o ciclo de amadurecimento e obter o resultado desejado.
Esse software pode ajudar uma profissão específica e curiosa da cultura de bananas, o “amadurecedor”, especializado em avaliar o estágio das frutas e, assim, estimar o tempo necessário entre a colheita e o mercado, para que chegue ao seu destino final na melhor condição para o consumo.
“Os amadurecedores têm muito a fazer, trabalham em turnos de 12 a 14 horas, então acho que estão sempre procurando maneiras de dormir um pouco mais”, afirma a CEO. “Nossa ferramenta é uma maneira de ajudá-los nisso”.
De acordo com Sizov, a Strella trabalha com 85% do mercado americano de fornecedores de maçãs e peras e estima ter evitado o desperdício de cerca de 9,4 mil toneladas dessas frutas. Agora, a expectativa é replicar o sucesso nas bananas.
Segundo o site da empresa, que foi fundada em 2018, a Strella atua em três frentes: com empacotadores, varejistas e importadores. No primeiro caso, a companhia oferece uma visão em tempo real da atmosfera controlada dos pacotes, por meio de sensores sem fio desenvolvidos pela própria empresa.
Para os varejistas, a ideia é aumentar a vida útil das frutas e, usando o software, controlar a consistência e cor dos produtos. É nesse caso que a tecnologia para as bananas entra.
Por fim, para os importadores, a empresa vende um serviço que faz a avaliação de containers enquanto os produtos estão sendo transportados..
A Strella já levantou cerca de US$ 11 milhões em aportes em duas rodadas. Na primeira, do tipo inicial, levantou US$ 3,3 milhões numa rodada liderada pela Yamaha e pela Catapult Ventures, em 2020.
Já em 2022, recebeu US$ 8 milhões numa rodada do tipo Série A liderada pela Millennium New Horizons, com a participação da Google Ventures e Rich Products Ventures. A Yamaha e a Catapult também participaram.