O Agroven, clube de investimentos formado por uma rede de empresários e famílias do agronegócio, acaba de assinar mais um cheque, o sétimo desde que foi criado em 2019. O valor não foi revelado.

Quem recebeu foram os irmãos André e Diro Hokari, criadores da Solusolo, empresa que atua no segmento de insumos biológicos para recuperação do solo.

Com o aporte, o Agroven liderou uma rodada de captação da empresa, que contou com a participação de corporações do setor como Cooxupé, Ubyfol e Nater Coop. Segundo Silvio Passos, presidente do conselho de administração do clube, a empresa buscava R$ 2 milhões na chamada série seed.

Em entrevista ao AgFeed, Passos explicou que a tese ESG da Solusolo, Cujo produto promete aumentar a produtividade da cultura na qual o insumo é aplicado sem degradar o solo, se encaixa com o que o clube tem buscado.

A aposta no crescimento da chamada agricultura regenerativa é uma das tendências de mercado para os próximos anos e, com isso, a expectativa de crescimento da receita da Solusolo pareceu atraente aos investidores.

Em 2022, a empresa registrou faturamento de cerca de R$ 2 milhões, segundo Passos. Neste ano, a expectativa é triplicar o montante. “A startup já iniciou 2023 com 35% dos contratos que eram projetados para todos os 12 meses”, acrescenta.

O insumo da startup é chamado de Kaizen TMT e foi desenvolvido com base em produtos de origem japonesa. A empresa, que tem sede em Varginha (MG) afirma em seu site que este é o único recuperador da saúde do solo fabricado no Brasil.

De acordo com estudos realizados pela Terras Gerais, na cultura da soja, houve um incremento de 6% na produção quando o produto foi aplicado.

“O Kaizen TMT promove melhor enraizamento, maior número de plantas e de grãos por vagem, além do aumento das folhas e grãos”, explica Diro Hokari, CEO da Solusolo, em comunicado oficial.

Atualmente, a startup atende cerca de 250 produtores dos estados de Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo, que cultivam, além da soja, café, milho, cana-de-açúcar e hortifrutis.

“Um ponto que nos chamou atenção é que a Solusolo utiliza uma matriz biológica tropicalizada, com microorganismos nacionais, que já é pronta para uso”, afirma Passos.

Nos olhos do AgroVen

O Agroven conta atualmente com 250 participantes. O primeiro grupo foi formado por produtores rurais e empresários em Uberlândia (MG). Depois, foi agregando novos nomes, sempre ligados ao agronegócio, em outras regiões.

De acordo com Passos, cerca de 1400 agtechs foram mapeadas pelo grupo. Antes da avaliação mais profunda, os membros são consultados, avaliam se os investimentos fazem sentido e os potenciais de retorno.

Silvio Passos, presidente do conselho do Agroven

“Fazemos essa avaliação, identificamos a solução do negócio, conversamos com clientes dessas iniciativas, a governança e aí a tese é reapresentada para os investidores. No caso da Solusolo, tanto empresas quanto pessoas físicas participaram do aporte” ressalta Silvio Passos.

Em 2023, o AgroVen pretende investir em pelo menos quatro startups até o final do ano. Os cheques, que por estratégia não são abertos caso a caso, podem variar, e muito de tamanho.

Passos explicou que o clube investe ou em teses chamadas early stage, ou seja, um aporte para o negócio sair do papel, ou em startups no momento pré série A, onde o valor aportado pode chegar até R$ 4 milhões por parte do AgroVen.

Dentre as atuais investidas estão a ManejeBem, plataforma de gestão de comunidades agrícolas consideradas vulneráveis, o marketplace Muda Meu Mundo e a AgroBee, que atua com automatização nos processos de polinização.