Pouco mais de 230 quilômetros separam as cidades de Lençois Paulista e Araçatuba, no interior de São Paulo. As duas sediam empresas brasileiras com reconhecimento internacional na inovação agrícola.

Na primeira fica a Grunner, fabricante de máquinas agrícolas autônomas construídas sobre chassis de caminhões Mercedes-Benz, que conquistaram a montadora alemã e praticamente criaram uma nova categoria de produtos, as chamdas “smart machines”.

Na outra ponta, a sede da hoje multinacional Solinftec, agtech especializada em automação de operações agrícolas que ganhou escala global com o lançamento do Solix, robô dotado com inteligência artificial e com capacidade de realizar, também de forma autônoma, uma série de ações nas lavouras, da identificação de pragas à pulverização localizada.

O experiente executivo Denis Arroyo Alves acaba de percorrer essa distância, deixando a função de CEO da Grunner para assumir o posto de vice-presidente global da Solinftec.

Ficará sediado na cidade do Oeste paulista, mas cada vez mais conectados com os Estados Unidos – onde a agtech mantém, desde 2020, um QG na cidade de West Lafayette, no estado de Indiana, no coração do chamado Corn Belt americano.

Arroyo havia anunciado sua saída da Grunner, onde ficou por pouco mais de três anos, há cerca de duas semanas. Sob seu comando, a companhia criada pelos irmãos Belei, produtores de cana na região, ganhou visibilidade, ampliou a produção e expandiu seus negócios para diversas culturas e regiões.

Seu primeiro produto foram “caminhões” para o transbordo de cana com distância de eixo adaptada para o trabalho nos canaviais sem “pisoteio” nas plantas. Atualmente, a Grunner entrou também no mercado de grãos e de pulverização. Um dos fundadores, Henrique Belei, é hoje CEO interino da companhia.

A Solinftec tem trajetória semelhante. Nasceu com soluções para o setor sucroalcooleiro e soube se transformar para desenvolver ferramentas com uso de IA que hoje operam de forma autônoma em lavouras de grãos, inclusive de grupos como Amaggi, Scheffer e Baumgart - cuja Fazendas Reunidas, em rio Verde (GO), é a primeira a ser 100% monitorada pelos robôs Solix.

Nos Estados Unidos, a agtech passou a ser reconhecida como uma das líderes na área de inovação e assinou contratos de fornecimento com três grandes cooperativas locais, Co-Alliance, Carroll FS e Premier Ag, abrindo as portas para um mercado bilionário.

“A experiência de Arroyo, combinada com sua visão estratégica, faz dele uma adição essencial para a equipe executiva da Solinftec”, afirmou a empresa em um comunicado divulgado nesta terça-feira, 12 de novembro.

Formado em Zootecnia pela UNESP e com MBAs em Gestão Empresarial e Especializações em Mentoria e Finanças para Executivos pela FGV e Insper, Denis Arroyo foi também diretor executivo da Orplana.

Na Solinftec, encontrará um projeto ambicioso de crescimento, que prevê levar a companhia a uma receita de R$ 2 bilhões até 2030 – para 2024, a previsão é um fatiramento de R$ 370 milhões.

Um dos motores para esse crescimento deve ser a ampliação da produção nas suas duas fábricas, uma em Araçatuba, em uma antiga planta da GM, e outra em Indiana, nos EUA.

Atualmente, a capacidade está em torno de de 700 máquinas por ano cada. A proposta da companhia é crescer essa capacidade em um ritmo de 30% a 40% por ano nos próximos anos nossa capacidade, além de estabelecer parcerias que permitam chegar a 2 ou 3 mil robôs por ano.

“Assumir essa posição é uma oportunidade de redefinir o futuro do agronegócio global e, por meio da Solinftec, impulsionar a inovação e sustentabilidade no setor,” afirmou Arroyo no comunicado.