Muitas vezes, o caminho entre uma tecnologia desenvolvida por uma agtech e um produtor rural ou empresa do agro é nebuloso, longo, e algumas vezes até inexistente.
Para encurtar essa distância e criar essa ponte entre a inovação e a ponta final da cadeia, a Rural Ventures, empresa de venture capital, acabou de lançar o R2, um robô que lê uma base de dados de startups do agro e ajuda times de inovação de grandes empresas a achar de forma mais simples uma solução que está em busca.
Conforme explicou ao AgFeed Juliana Chini, head de inovação aberta da Rural Ventures, o mapeamento é feito pela própria empresa e atualmente conta com 300 startups relacionadas ao agronegócio.
A Rural Ventures optou por realizar um levantamento próprio, pois viu que os que já existem no mercado não se aprofundam tanto nas informações de uma startup.
Com essa base em mão, um executivo que contratou o serviço do R2 acessa um chat no Telegram e “conversa” com o bot. Nesse momento, ele vai filtrar sua busca por cultura atendida, tipo de aplicação, tipo de tecnologia, canais de venda e faixa de receita, por exemplo.
O R2 então fornecerá uma lista de acordo com o pedido com um link para acessar mais informações sobre a empresa.
Em resposta, o robô fornecerá ao executivo focado dezenas de informações sobre o negócio e seus fundadores e Q&As para entender melhor se a solução apresentada tem fit com o que ele busca. A empresa também está em processo para colocar o bot disponível no Whatsapp.
A ideia é ampliar o tamanho do mapeamento, mas com uma certa parcimônia. “Queremos ter uma base de startups detalhada, para gerar valor ao produto. A cada três meses o R2 vai pedir às agtechs uma atualização na base de dados”, acrescenta a head de inovação da Rural Ventures.
O mapeamento da Rural Ventures envolve tanto uma prospecção ativa como também passiva, em que startups preenchem um formulário com suas informações. Depois disso, um time interno da empresa avalia e conversa com a startup, para disponibilizar o máximo de informações possíveis na solução.
“Isso permite um contato com a startup que ele deseja de forma simples. É só pegar o celular e encontrar. Hoje, para fazer isso, ou ele precisa participar de dezenas de eventos ou olhar outros mapeamentos menos específicos”, conta Juliana Chini.
A ideia é que times focados em inovação de grandes corporações consigam diminuir o tempo de prospecção, análise e reuniões com startups que eles estejam interessados em realizar algum tipo de parceria.
“Quando um profissional tem todas essas informações de antemão, ele vai acionar uma startup que ele realmente quer entrar em contato. Além do benefício de tempo e custos, não gera uma expectativa que pode não ser cumprida”, afirmou Chini.
Atualmente, Juliana Chini tem conversado com esses times de grandes players do agro para prospectar clientes e validar o produto. Segundo ela, a quantidade de informações disponíveis de cada agtech dentro do catálogo tem brilhado os olhos dos executivos.
O produto não será disponibilizado, por enquanto, para grupos de investidores e fundos. “O que queremos é gerar negócios entre corporações como tradings, usinas e grandes grupos produtores que já possuem times de inovação com as startups."
Chini é economista formada pela Esalq/USP e atua na Rural Ventures há alguns meses. Apesar disso, acumula uma carreira de mais de 10 anos focada em ecossistemas de inovação.
Na empresa de Venture Capital, assumiu a vertical do negócio focada em produção de conteúdo e conexões dentro do ecossistema das agtechs, chamado de Rural Insights.
Segundo a head de inovação aberta, uma equipe focada em conteúdo é necessária para escalar as tecnologias disponíveis no mercado. “Temos que educar os dois lados, tanto de quem desenvolve quanto de quem aplica. De um dia para o outro nasce um Chat GPT, então queremos fechar esse gap e colocar o Brasil como protagonista no agro tecnológico, inclusivo e sustentável”, afirmou.
A empresa interessada em utilizar o R2 pagará uma assinatura que possui diversos planos. O plano mais simples custará R$ 1 mil por mês e além, do R2, também trará outros conteúdos do Rural Insights. A startup que entra na base de dados não precisa pagar nada.
A Rural Ventures também vai oferecer uma mentoria para times de inovação ainda em processo de formação, que segundo Chini, podem precisar de uma ponte mais personalizada para chegar até a startup.