A empresa paranaense de softwares Viasoft cresceu vendendo seus produtos para clientes do agronegócio, ainda hoje sua principal fonte de negócios. Não por acaso, quando seu fundador, o empreendedor Itamir Viola, decidiu criar um fundo para investir em startups, o foco inicial também foi para o setor.
Criado em dezembro passado, o TechInvestor anunciou seu primeiro aporte esta semana. Com um cheque, de valor não revelado, ampliou a participação que o grupo já tinha na logtech CargOn, para 29,09% – há dois anos, a Viasoft havia adquirido 15,66% do negócio. A CargOn tem valor de mercado avaliado em R$ 47,5 milhões.
O investimento é fiel à tese do TechInvestor. De acordo com Viola, também CEO do fundo, o fato de a CargOn atuar em toda a cadeia logística de grandes empresas do agronegócio e indústrias na fase chamada “depois da porteira”, fez cm que seus fundamentos se mantivessem nestes dois anos e os números financeiros aumentassem.
Viola, que através da Viasoft já havia feito 10 aquisições, deve manter o olhar atento ao setor. Ele revelou que o TechInvestor deve fechar parceria com uma gestora paulista, cujo nome é mantido em sigilo, a fim de arrecadar dinheiro para novos investimentos.
“A parceria irá trazer muito mais recurso para nossa tese de agrotechs e agrofintechs. Com o recurso de muitos outros investidores, podemos ser mais fiéis à tese”, ressaltou.
A CargOn começou a operar em março de 2020, em pleno início da pandemia da Covid-19. Naquele ano, o faturamento atingiu R$ 394 mil. Em 2021, o montante saltou 16 vezes, e atingiu R$ 6,5 milhões. No ano passado, houve um novo salto, levando as receitas aos R$14,9 milhões.
Segundo Viola, a CargOn atingiu o chamado break even em 2022, ou seja, passou a equilibrar suas receitas com suas despesas e deixou o negócio rentável.
Além dessa aquisição da TechInvestor, a CargOn obteve também aportes de mais de R$ 3 milhões da EqSeed, plataforma de rodada de investimentos na modalidade Equity Crowdfunding.
“Em um momento em que as startups precisam queimar caixa para crescer, o chamado cashburn, a CargOn consegue ser sustentável com uma aceleração de receitas de patamares de startup. Isso é algo difícil de achar no mercado”, comenta. A meta para 2023 é atingir os R$ 30 milhões em faturamento, o dobro do visto em 2022.
Como já não depende de recursos para estruturação, a CagOn pode aplicar os recursos para crescer e aumentar sua escalabilidade.
De acordo com o CEO da CargOn, Denny Mews, 70% dos novos recursos serão aplicados em projetos voltados à expansão da startup. “Já temos produto montado, estratégia montada. Nosso foco agora é, principalmente, comercial. Devemos aplicar 41% dos recursos em crescimento da empresa e outros 30% para a evolução da tecnologia que desenvolvemos. O restante será destinado a ações internas e operações”, afirmou.
A startup tem como clientes grandes indústrias como a BRF. Elas se conectam a uma plataforma com foco nos chamados embarcadores. No setor de transporte de cargas, o embarcador é a pessoa, seja física ou jurídica, responsável por contratar um frete terceirizado.
Na plataforma, as indústrias, donas de frotas próprias ou não, podem gerenciar a captação e o destino das cargas que vão até portos, lojas e redes de distribuição.
“Capturamos a carga e a colocamos na logística. No portal é possível verificar que uma determinada remessa está disponível e, com o app na mão do motorista, já resolvemos a burocracia documental e negocial do transporte”, explicou Itamir Viola.
Viola foi um dos mentores do negócio da CargOn antes mesmo de sair do papel. Agora, com o TechInvestor, é um sócio influente.