A tradicional distribuidora paulista de produtos agrícolas Casa Bugre anunciou nesta quarta-feira, 27 de março, que se tornou um sócio relevante da Krilltech, startup focada em soluções de nanotecnologia para fertilizantes. De acordo com comunicado, o grupo terá uma participação societária de 24% na empresa.

O valor da negociação não foi divulgado, mas a Casa Bugre estima que a Krilltech esteja avaliada em mais de R$ 30 milhões. Numa conta simples, 24% de R$ 30 milhões representaria algo em torno de R$ 7 milhões.

A Krilltech nasceu em 2018 como uma startup dentro da Universidade de Brasília e foi criada por Marcelo Rodrigues, que era professor do Instituto de Química da universidade.

O fundador e também CEO da startup pesquisava a saúde humana. Durante sua atuação acadêmica, conheceu um pesquisador da Embrapa e, juntos, usaram seu conhecimento em nanopartículas para desenvolver a arbolina.

A tecnologia tem como objetivo fortalecer o metabolismo das plantas, ajudando na força, produtividade e resistência.

Segundo o comunicado oficial, o grupo Casa Bugre e a startup prevêem que até 2030 o portfólio de parceiros, serviços, patentes e produtos se torne ainda mais completo, atendendo, assim, todas as necessidades dos produtores, do pequeno ao grande.

“É um projeto amplo e estruturado, que vem sendo construído com dedicação e enriquecerá ainda mais a história da Casa Bugre, unindo a tradição com a inovação para uma nova agricultura”, destacou, em nota, Antonio Maia, presidente do conselho e fundador do grupo Casa Bugre.

O relacionamento entre as duas empresas não é novo. A Krilltech já mantinha uma parceria  com a Casa Bugre na parte de distribuição, com o grupo pagando royalties para o pesquisador. O novo acordo prevê parcerias estratégicas que irão auxiliar na consolidação da marca no mercado nacional e também internacional.

Além disso, as companhias idealizaram e lideram juntas a AgriforLife, uma plataforma de desenvolvimento para a agricultura regenerativa.

“É uma plataforma de inovação, mas não só isso. Atuamos com comunicação, capacitação e projetos socioambientais. Queremos uma plataforma que possamos atuar na transformação da agricultura e transformar o mundo em favor da vida", afirmou em entrevista recente ao AgFeed Everton Molina, diretor de Marketing da Casa Bugre e idealizador do projeto.

A iniciativa tem muitos pontos de atuação, que foram detalhados por Molina. Primeiro, a iniciativa conjunta das duas empresas terá um espaço na Área 51, do Dabi Business Park, um hub de inovação de Ribeirão Preto.

A ideia, por lá, é criar parcerias para desenvolver novas soluções. Essas soluções, que podem virar produtos, serão desenvolvidas, em conjunto, por convidados da iniciativa. Eles podem ser professores, pesquisadores, instituições e empresas que atuaram em conjunto numa equipe multidisciplinar.

"Podemos pegar um pesquisador que entende de fisiologia de plantas, outro que atua com engenharia genética e alguém de um curso de farmácia e colocá-los juntos para desenvolver uma nova solução", explica Molina.

Além do espaço no interior de São Paulo, nos próximos meses a AgriforLife deve inaugurar um Centro Integrado de Tecnologia e Inovação (Citi), em Brasília.

O local, de cerca de 500 m², abrigará laboratórios de pesquisa e desenvolvimento do projeto, liderados pela Krilltech e pela Casa Bugre. Nesse ecossistema de inovação, startups incubadas, selecionadas para participar da plataforma, receberão suporte e poderão aproveitar o espaço para se desenvolver e estruturar novas soluções.

“A Arbolina nasceu nos laboratórios da UnB em parceria com a Embrapa, e ganhou o campo por meio do Grupo Casa Bugre. A cooperação entre as partes, mesmo antes do acordo oficial, nos fortaleceu como empresa. Agora, daremos um passo para ajudar outras startups que estão começando no setor, via AgriforLife”, afirmou Marcelo Rodrigues, da Krilltech, em nota.