Depois de se alavancar para comprar uma série de plantas da Marfrig, a Minerva cumpriu com o prometido e voltou a apresentar o indicador dentro das médias históricas no terceiro trimestre deste ano. Depois de ver a relação entre a dívida líquida e o Ebitda chegar a 3,7 vezes em março, ao final de setembro a alavancagem chegou a 2,5 vezes.
Com a casa em ordem, a empresa voltou a pagar dividendos aos acionistas. De acordo com um comunicado arquivado na CVM na noite desta quarta-feira, 10 de dezembro, a Minerva pagará R$ 162 milhões aos seus acionistas, ou R$ 0,16 por ação. O pagamento será feito no dia 29 de dezembro.
Ao AgFeed, o CFO da empresa, Edison Ticle, explicou que a política de distribuição de proventos da empresa prevê um pagamento anual de, no mínimo, 50% do lucro líquido, e o movimento é uma antecipação de parte do pagamento.
"Estamos seguindo nossa desalavancagem, que deve ficar do patamar de 2,5 vezes para baixo. Para os dividendos intercalares e intermediários, o máximo que eu podia distribuir era esse montante, ao olhar para a reserva de capital do balanço. Estamos distribuindo o máximo que podíamos pagar. E vamos pagar em 2025, de forma antecipada", contou.
Segundo ele, esse adiantamento dá um sinal para os acionistas de que a Minerva está confiante em seguir sua "trajetória de geração de valor".
A última vez que a Minerva havia pago dividendos foi em 2023, antes de comprar, por R$ 7,5 bilhões, plantas da Marfrig na América Latina. "Agora chegamos nesse patamar baixo de alavancagem e estamos retomando", disse.
No acumulado dos nove meses deste ano - até o terceiro trimestre - a Minerva já soma R$ 720 milhões de lucro líquido, relembrou Ticle, o que pode fazer com que a empresa pague mais dividendos à frente.
Muitas empresas têm anunciado nos últimos dias o pagamento de provento aos acionistas. O movimento tem relação com a tributação que os dividendos terão a partir de 2026, como parte do pacote do Governo Federal de aumentar a faixa de isenção de imposto de renda.
Apesar de entrar em vigor no ano que vem, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou um projeto de lei que altera a proposta inicial e estabelece que os lucros apurados até o ano-calendário de 2025, cuja distribuição seja aprovada até 30 de abril de 2026, estarão isentos do imposto de renda.
Na prática, o pagamento seria isento até abril, mas o lucro precisaria ser apurado até o final de 2025. Caso a alteração seja aprovada, permitirá às empresas que deliberem os lucros de 2025 até o final de abril do ano que vem.
"A lei permite que você pague até abril. Pode apurar e fazer pagamento até lá. Podíamos ter deixado pra fazer isso ano que vem, mas juntou as duas coisas: a sinalização da desalavancagem ao mesmo tempo que jogamos de forma segura em relação à mudança", finalizou Ticle.
Resumo
- Depois de comprar plantas da Marfrig e ver a alavancagem bater 3,7x em março, a Minerva voltou ao nível histórico de 2,5x no 3º tri, reabrindo espaço para distribuir dividendos
- Companhia antecipou parte do dividendo anual e vai pagar R$ 162 milhões em 29 de dezembro. Gesto serve como recado de confiança na “trajetória de geração de valor”, segundo o CFO Edison Ticle.
- O adiantamento também se apoia no calendário tributário: empresas têm acelerado proventos antes da taxação dos dividendos em 2026, e o avanço do projeto no Senado — que libera a distribuição de lucros apurados até 2025 sem IR até abril de 2026 — cria uma janela mais segura.