Brasilseg ingressa no consórcio Reg.IA e prepara lançamento inédito de “seguro regenerativo” na COP 30

A Brasilseg, empresa da BB Seguros, do Banco do Brasil, se prepara para apresentar na COP 30, a conferência do clima da ONU que será realizada no mês que vem em Belém (PA), um modelo inédito de seguros para produtores rurais que utilizam práticas de agricultura regenerativa em suas lavouras.

A empresa acaba de firmar uma parceria com a agtech Produzindo Certo, idealizadora e coordenadora do consórcio Reg.IA – que reúne companhias como Bayer, BRF, Milhão e Agrivalle. Além de aderir ao projeto, a seguradora deve ser a responsável por oferecer um “seguro regenerativo” aos agricultores participantes, em um piloto que depois pode ser estendido a outros produtores.

A ideia da parceria é testar o produto com um grupo entre a 40 a 50 produtores produtores rurais que já integram o Reg.IA ao longo da safra 2025/2026.

O "seguro regenerativo" deve oferecer condições diferenciadas para quem adota técnicas regenerativas validadas pelo consórcio, como rotação de culturas, cobertura vegetal e manejo adequado do solo

"Esse grupo de produtores vai passar por uma avaliação socioambiental feita pela gente, com o nosso score e validação das práticas de agricultura regenerativa. A partir disso, nós, junto com a Brasilseg, vamos conseguir calibrar o risco e oferecer condições diferenciadas de seguro", explica Aline Maldonado Locks, CEO da Produzindo Certo, em entrevista ao AgFeed. “O seguro rural nunca considerou práticas regenerativas na precificação de risco, é algo inédito.”

Locks diz que os produtores poderão contratar o seguro a partir do início de 2026. "Como a janela está pequena para a soja que começa a ser plantada agora, a contratação será a partir da próxima safrinha", explica a executiva.

A ideia da Produzindo Certo é testar o funcionamento do seguro e validá-lo para, eventualmente, expandi-lo tanto para a base da Brasilseg quanto a da Produzindo Certo, que presta serviços para empresas conseguirem acompanhar a situação socioambiental de suas propriedades rurais.

O modelo final do "seguro regenerativo" será apresentado na Casa do Seguro, espaço montado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), durante a COP 30, em Belém, em um debate promovido pela Produzindo Certo com participações de representantes da seguradora, pesquisadores e também do Ministério da Agricultura e Pecuária.

A Produzindo Certo começou as conversas para a adesão da Brasilseg ao consórcio no início do segundo trimestre deste ano. "A gente percebeu uma convergência com eles, que querem inovar no mercado. E, no nosso lado, temos inteligência de campo para suportar um produto novo como esse", afirma Aline Locks.

“Estamos dando um passo decisivo para alinhar ainda mais o seguro rural às transformações necessárias no agro, uma iniciativa que diferencia nossos produtos de outros do mercado. Não é apenas uma ferramenta de proteção e sim um agente de mudança”, complementa Paulo Hora, superintendente executivo de resseguro e agronegócios da Brasilseg, em nota.

O Reg.IA é um consórcio que promove agricultura regenerativa, foi lançado no início da safra 2024/2025 e, em seu primeiro ano, colheu bons resultados.

Dentro do projeto, foram produzidas com técnicas de agricultura regenerativa cerca de 149,1 mil toneladas de soja e 9,2 mil toneladas de milho em 37 mil hectares de 37 propriedades rurais dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Com uma produção mais sustentável, a Produzindo Certo constatou que a produção de soja do projeto apresentou uma quantidade de emissões de CO2 66% menor que a média nacional dessa cultura e, no milho, chegou a a ser 82% menor.

Para a safra 2025/2026, a meta da agtech é aumentar a quantidade de fazendas participantes para 50 e produzir 200 mil toneladas de soja regenerativa.

Em paralelo, a Produzindo Certo lançou um outro consórcio semelhante ao Reg.IA, mas voltado à pecuária regenerativa, o Bov.IS, voltado à intensificação sustentável das cabeças de gado.

Em seu primeiro ano, o consórcio pretende alcançar 45 pecuaristas dos estados de Mato Grosso e Pará, trabalhando com 125 mil hectares de pastagens e com a expectativa de recuperar e intensificar pelo menos 5 mil hectares.