Na equação da FMC, mais volume e menos preços mantiveram a receita estável no segundo trimestre deste ano.
A gigante americana de químicos divulgou nesta quarta-feira, 30 de julho, seus resultados do período e registrou um faturamento de US$ 1,05 bilhão, aumento de 1% em um ano. O lucro líquido, contudo, recuou 77% na mesma comparação, e encerrou o período em US$ 67 milhões.
Se a receita ficou estável porque o lucro caiu? A FMC cita, sem dar muitos detalhes, que no segundo trimestre de 2024 houve “ganhos fiscais não recorrentes”, que distorceram a comparação.
No mesmo trimestre do ano passado, o lucro líquido foi de US$ 295 milhões, um avanço, na época, de mais de 800% frente aos US$ 32,4 milhões do segundo trimestre de 2023. No ano passado, a empresa citou que “recebeu incentivos fiscais concedidos a subsidiárias suíças da FMC no fim de 2023”.
Globalmente, os volumes cresceram 6% no trimestre, refletindo uma “normalização dos níveis de estoque dos clientes e uma retomada da demanda”. Por outro lado, os preços médios caíram 3%.
A empresa ressaltou que a operação na América Latina - e em especial no Brasil - trouxe bons frutos.
Na América Latina, a receita avançou 5% em um ano, se desconsiderarmos o impacto cambial. Com o impacto, o avanço foi de 1%.
A região foi uma das poucas a registrar avanço, contudo, e, segundo a FMC, a alta foi impulsionada por um desempenho de novos ingredientes ativos que tiveram boa aceitação comercial.
No Brasil, a FMC cita “contribuições da rota adicional para o mercado recentemente implementada no Brasil” e diz que essa ampliação de alcance comercial deve ganhar mais tração no segundo semestre.
Para os próximos trimestres, a empresa projeta aumento de volumes na região, impulsionado por lançamentos e maior penetração comercial, especialmente em culturas de alto valor.
Nas demais regiões, o desempenho foi misto. A América do Norte teve queda de 5% nas vendas, puxada por um processo de desestocagem no Canadá, que compensou o crescimento das marcas nos Estados Unidos.
Na Ásia, a retração foi mais acentuada: queda de 17% nas receitas. Segundo a FMC, reflexo de uma redução de preços e do recuo nos volumes, especialmente na Índia, onde os canais ainda enfrentam excesso de estoques.
Já a região que envolve a operação na Europa, Oriente Médio e África (EMEA) foi o destaque positivo do trimestre, com alta de 29% nas receitas, impulsionada principalmente pela venda de herbicidas.
Para o segundo semestre, a FMC projeta uma receita entre US$ 2,24 bilhões e US$ 2,44 bilhões, o que representa um crescimento de 2% na comparação com os últimos seis meses de 2024.
No consolidado do ano, a expectativa é de uma receita entre US$ 4,08 bilhões e US$ 4,28 bilhões, uma queda de 2% em relação aos US$ 4,31 bilhões de 2024.
Os números consideram a exclusão da operação comercial da Índia, informada pela FMC neste balanço. A decisão de encerrar a atividade no país ocorre, segundo a empresa, após dificuldades operacionais em uma região que vem apresentando queda de volumes devido à desestocagem prolongada no canal de distribuição.
Segundo a FMC, a venda já foi aprovada pelo conselho e deve ser concluída dentro de um ano. Mesmo após a venda, a FMC pretende manter presença no mercado indiano.
A empresa continuará a produzir ingredientes ativos no país e manterá um acordo de fornecimento com o futuro comprador da operação comercial. O portfólio continuará o mesmo: tecnologias patenteadas e soluções biológicas.
Com a mudança, a receita da Índia deixará de ser considerada nas projeções futuras da empresa, assim como seus resultados operacionais. “A exclusão da Índia deve representar uma redução de cerca de 6% nas receitas do segundo semestre”, disse a FMC.
O desinvestimento não é o primeiro a ser anunciado pela FMC nos últimos anos. Desde 2023, em resposta a balanços desafiadores, já anunciou a venda de unidades e o enxugamento em algumas operações.
Em julho do ano passado, anunciou a venda do “segmento esportivo” por US$ 350 milhões. Chamado de Global Specialty Solutions (GSS), inclui defensivos para gramados em campos de golfe e estádios. Em paralelo, reduziu, só no ano passado, seu quadro de funcionários global de 6,6 mil pessoas para pouco mais de 6 mil.
Resumo
- FMC registra leve alta na receita no segundo trimestre, mas lucro cai 77% sem ganhos fiscais vistos em 2024
- Brasil e Europa puxam desempenho positivo, enquanto América do Norte e Ásia recuam com desestocagem
- Empresa confirma saída da operação comercial na Índia e reduz projeção anual de receita em 2%