Dois dias depois da se autodeclarar livre da gripe aviária, o Brasil recebeu nesta sexta-feira, 20 de junho, hoje o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) de que o caso da doença, registrado há pouco mais de um mês no Rio Grande do Sul, está encerrado.
Com isso, o País deve, agora, intensificar seus esforços para retomar as exportações de frango, já que muitos países suspenderam as compras em maio, após o surgimento do primeiro e único caso da doença em rebanho comercial foi confirmado em uma granja de Montenegro (RS).
“O Brasil, por meio do Ministério da Agricultura e do trabalho do secretário Luís Rua já tinha feito um documento oficial e encaminhado a todos os adidos agrícolas brasileiros”.
“Agora, os adidos agrícolas estão levando essa comunicação pessoalmente aos governos e embaixadas, para que os países possam retirar as suspensões”, explica o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
No dia 11 de junho, antes do comunicado oficial do Brasil, o México já havia declarado a reabertura de seu mercado. Poucos dias depois foi a vez da África do Sul - ambos excluindo o Rio Grande do Sul.
“O México está entre os dez principais destinos de nossas exportações e tem registrado forte alta nas importações. A expectativa agora é pelo restabelecimento total das exportações, com a possível reinclusão do Rio Grande do Sul”, declarou Santin em comunicado oficial.
Agora, segundo Santin, será iniciada uma negociação para que o embargo ao Estado também caia. “Não é mais necessário, já que a autodeclaração do Brasil mostra que o produto brasileiro, seja de qual região for, é seguro e livre de qualquer doença”.
Além dos dois países, ele explica que ainda é cedo para prever quais serão os próximos mercados a reabrirem suas portas à carne de frango.
“Cada nação tem seus trâmites e processos para essa reabertura. O reconhecimento da OMSA é uma orientação, não é algo impositivo”, explica.
Na avaliação de Santin, a autodeclaração deve acelerar a negociação para a retomada das exportações, já que a demanda internacional não arrefeceu nesse período e outros concorrentes do Brasil, com Estados Unidos e Europa, estão lidando com o avanço da doença.
Somente nos EUA, já foram abatidas mais de 170 milhões de aves em três anos, enquanto na Europa, os países abateram 11 milhões de animais em cinco meses na tentativa de conter o avanço da doença.
Apesar do curto período, o embargo dos países à compra de carne de frango do Brasil teve efeitos sobre os negócios. Somente em maio, houve redução de 12% nos embarques, que ficaram em 393,4 mil toneladas.
A receita no período recuou 9% e ficou em US$ 741,1 milhões ante US$ 818,7 milhões em maio de 2024.
No acumulado do ano, de janeiro a maio, o volume exportado cresceu 4,8% em relação ao mesmo período de 2024 e chegou a 2,256 milhões de toneladas.
Santin explica que para o mês de junho, a expectativa inicial era de que houvesse uma queda entre 10% e 15% em relação ao mesmo período de 2024.
“Agora, no entanto, isso pode mudar, se a partir de segunda já tivermos países anunciando a reabertura de seus mercados”, pondera.
Segundo Santin, somente a partir de julho será possível verificar melhor os impactos dos embargos sobre os embarques.
O executivo descarta o risco de o Brasil perder mercado por conta do embargo, já que segundo ele, o país tem um histórico confiável de qualidade e confiabilidade na sua produção.
Além disso, o Brasil tem sua posição bastante consolidada no mercado, sendo o terceiro maior produtor de carne de frango e o maior exportador do mundo, com 5,29 milhões de toneladas embarcadas em 2024 para 151 países, incluindo China, Coreia do Sul, Filipinas, Japão, África do Sul, México, Arábia Saudita, entre outros.
“Temos 39% de market share e somos os principais exportadores de carne de frango do mundo. Os mercados já conhecem a qualidade e a segurança do nosso produto e a transparência dos nossos processos”.
Para ele, o episódio só reforçou a confiabilidade do sistema de biossegurança brasileiro. Santin lembra que em outros países, a contaminação de rebanhos comerciais aconteceu cerca de dois meses depois da identificação da doença em animais silvestres e se alastrou rapidamente.
“Aqui isso não aconteceu. Já se passaram dois anos desde que tivemos o primeiro caso em animais silvestres e só em maio tivemos um caso em rebanho comercial, que foi rapidamente resolvido”, comemora.
Resumo
- OMSA reconheceu nesta sexta-feira que o Brasil retomou status de país livre da gripe aviária, com enecrramento do caso de Montenegro (RS)
- Adidos agrícolas já estão levando comunicação aos governos e embaixadas de países importadores, visando suspensão dos embargos ao frango brasileiro
- Presidente da ABPA avalia que os impactos do episódio nas exportações só ficarão claros a partir de julho