Ribeirão Preto (SP) - A pujança do agronegócio tecnológico brasileiro tem trazido gigantes do mundo tech global e players nacionais para o interior do País.
Por aqui, além de companhias tradicionais de Telecom como Vivo, Tim e Claro, companhias como Datora e Elsys passaram a enfrentar companhias de renome internacional como Starlink, de Elon Musk, e a Intelsat, nos últimos anos.
Nessa “guerra nas estrelas” pela conectividade rural, uma outra empresa, tradicional no País e presente no mercado há 54 anos, turbinou seu olhar para oferecer soluções para os produtores rurais.
A Hughes, conhecida por sua atuação na internet via satélite no País, tem descido alguns milhares de quilômetros para se posicionar como uma “integradora de rede”. Nessa estratégia, o agro está no centro.
Em conversa com o AgFeed, o vice-presidente de Vendas e Marketing de Enterprise da Hughes do Brasil, Ricardo Amaral, afirmou que a companhia hoje já atua em operações de telecom até a borda em mercados como de mineração, utilities (gás, energia e água) e varejo.
“Percebemos que o agro brasileiro estava buscando soluções de conectividade na borda para aumento de eficiência operacional e produtividade”.
A atuação do agro não é nova por parte da Hughes, que até hoje esteve presente no dia a dia de alguns pequenos produtores com soluções de internet generalista, mas agora ganha mais atenção, com um viés empresarial.
Amaral conversou com a reportagem diretamente do estande da empresa na Agrishow, principal feira de tecnologia agrícola da América Latina. Nas palavras do executivo, a companhia resolveu “entrar de cabeça no setor”.
Por lá, ele teve uma agenda cheia, em busca de parcerias para escalar as soluções de conectividade da companhia no setor. Amaral citou que a empresa está tateando o mercado agro e, como a meta da Hughes é ser líder nesse segmento de conectividade rural nos próximos anos, tem buscado companhias parceiras.
“Entrei em estandes de empresas de pivô de irrigação, silos e startups. Em todos encontrei sinergias com nosso serviço e uma agenda de trabalho para depois da feira. Trazemos nossa reputação e tradição na operação de redes para fazer parcerias com quem integra a solução na ponta final”.
Uma dessas parcerias já fechadas é com a Irrigabras. Essa associação traz para o produtor, segundo Ricardo Amaral, um sistema de pivôs conectados. “Colocamos conectividade em cima da automação. Essa é uma das primeiras parcerias e a ideia é replicar em outros fabricantes”, acrescentou.
A ideia da Hughes é oferecer o que Amaral chama de “mandala de soluções”. Diferente de empresas que são ou focadas em IoT, ou só atuam com redes privativas, a companhia, subsidiária da americana EchoStar, grupo que, em 2024, faturou quase US$ 4 bilhões, quer oferecer um cardápio completo ao produtor.
Na feira, a Hughes apresentou aos visitantes um serviço de IoT que leva conectividade a áreas remotas, permitindo o rastreio de máquinas agrícolas, otimização de rotas, além de controle de condições de solo e umidade, possibilitando conectar dispositivos e pivôs.
Além disso, o sistema de redes privativas 5G, que conectam somente as máquinas e dispositivos da fazenda no sistema. Por fim, uma funcionalidade de internet via satélites de baixa órbita.
Para enfrentar essa competição acirrada na conectividade rural, Amaral aposta na base de operações que a empresa montou em mais de 50 anos aqui. “Temos instaladores em todo o Brasil, um recurso humano com funcionários de longa data na Hughes, com doutores. Temos vantagens competitivas em relação aos novos entrantes”.
Para além da irrigação, onde já fez a primeira parceria, Amaral vê um fit grande com o setor de silos e armazenagem.
Ele cita que o modelo de negócio dessas empresas tem cada vez mais apostado em sistemas que aferem a qualidade do grão armazenado, como amadurecimento, umidade e aquecimento.
“Tudo isso, que muda o valor na hora de ser comercializado, precisa de conectividade”, afirmou.
Uma conexão de redes privadas nesse setor é melhor do que uma solução comum de uma fazenda conectada, pois a aferição não oscila, já que o serviço não disputa os bytes com a navegação tradicional, seja do escritório da fazenda ou seja de outro maquinário. “Se a internet oscila, a missão crítica do silo é prejudicada”, disse.