A gigante química alemã Basf, uma das maiores produtoras de insumos e defensivos agrícolas do mundo, divulgou nesta sexta-feira, 2 de maio, seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2025.

E, ao invés dos números, o principal destaque da conversa do seu diretor financeiro, Dirk Elvermann, na teleconferência com analistas foi o onipresente Donald Trump.

Isso porque, ao ser questionado sobre as previsões da empresa para o restante do ano, ao invés de um novo guidance Elvermann apenas reafirmou os dados anteriores. E a causa disso foi: não há como obter dados confiáveis para estabelecer um novo panorama.

"Estamos mantendo nossa perspectiva porque as premissas que adotamos não podem ser substituídas por premissas melhores", disse.

Segundo Elvermann, as incertezas causadas pela nova tática comercial de Donald Trump à frente do governo dos Estados Unidos não permitem que a empresa consiga, por enquanto, entender como será o comportamento de seus negócios – não apenas com os EUA, mas também com outros países, já que as ameaças tarifárias de Trump provocaram reações em todos os cantos do mundo.

Na conferência, a Basf afirmou que precisa de tempo – provavelmente todo o segundo trimestre – para decidir se fará mudanças em suas previsões.

No guidance apresentado no fim de fevereiro passado, juntamente com a divulgação do balanço do ano de 2024, a companhia disse esperar crescimento em 2025, com o Ebtida antes de itens especiais girando entre 8 bilhões de euros e 8,4 bilhões de euros, contra os 7,8 bilhões de euros registrados no ano passado.

“Atualmente, vemos mais riscos para nossa previsão e perspectiva do que provavelmente víamos três meses antes”, disse Elvermann aos analistas. “A situação é muito volátil.”

Os números do trimestre, ainda não impactados pela incerteza da era Trump 2, não foram bons. O Ebitda ajustado teve um recuo de 3,2% no período, quando comparado ao primeiro trimestre de 2024. Ficou em para 2,63 bilhões de euros, ligeiramente abaixo das expectativas do mercado.

Já o lucro líquido caiu 41%, para 808 milhões de euros. Essa queda maior foi atribuída ao fato de a empresa ter perdido receita com a venda de um projeto de um parque eólico devido à menor demanda de energia na Europa.

A reação imediata dos investidores foi negativa e logo na abertura dos mercados europeus as ações da Basf se desvalorizavam em cerca de caíram 2%.

Ao longo do dia, entretanto, pode haver mudanças, já que o CEO da companhia, Markus Kamieth, participará de um encontro com acionistas e deve dar mais detalhes sobre a estratégia da empresa para os próximos meses.

Espera-se que, durante o evento, a Basf traga novidades sobre o plano de reformulação, que prevê maior foco nos principais negócios químicos, industriais e de nutrição.

Por outro lado, a empresa já anunciou a intenção de separar e vender parte de algumas de suas divisões. Uma delas seria justamente a de produtos agrícolas, que seria desmembrada e então listada na Bolsa de Nova York no ano que vem.

Nesse sentido, a Basf até já contratou os bancos Deutsch Bank e Goldman Sachs para iniciarem o processo que deve levar a um IPO. O segmento é responsável hoje por receitas anuais de 10 bilhões de euros anuais, cerca de 15% do faturamento total da companhia.

Um relatório feito no início do ano pelo Jefferies Financial Group avaliou o negócio em aproximadamente 16,5 bilhões de euros.