Ribeirão Preto - Primeiro foi o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Guilherme Piai. Depois, o presidente da Frente Parlamentar de Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR). Em seguida, o governador de Goiás e pré-candidato a presidente, Ronaldo Caiado (União Brasil).
Todos reclamaram da alta taxa de juros e dos impactos da Selic em 14,25%, rumo aos 15% ao ano, no financiamento agropecuário.
Lupion disse que juro para o Plano Safra, a ser anunciado em junho, não é subsídio e criticou a falta de recursos para o seguro rural.
Caiado aproveitou para fazer campanha política aberta e disse que a centro-direita vai vencer a eleição em 2026 e Piai atacou o déficit de armazenamento e a falta de conectividade rural.
O cenário foi a cerimônia de abertura da 30ª Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), neste domingo, 27 de abril. No mesmo palco, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), após as críticas, usou bom-humor e uma série de piadas para virar o jogo.
Em seu pronunciamento, quando os juros e o Plano Safra eram o tema, seu microfone ficou mudo e foi substituído. “Aparelho de som é igual a gerente de banco, quando mais precisa ele falha. Mas vamos nos empenhar no plano safra e vamos levar o pleito”, brincou Alckmin.
A jornalistas, após o evento, o ministro lembrou que a Selic está em 14,25% e que a expectativa de chegar a 15% “é uma visão pessimista”, pois espera que não tenha alteração.
“É importante que seja transitória essa taxa de juros alta, porque, na realidade, o dólar caiu. Chegou a R$ 6,20, fechou em R$ 5,69 na sexta-feira e a inflação de alimentos foi muito dólar e calor. O clima melhorou, o dólar caiu e deveremos ter queda de inflação”, disse Alckmin.
O vice-presidente evitou falar em taxas para o Plano Safra e repetiu que o governo vai trabalhar para ter aumento do valor do crédito agrícola, e que, “certamente exigirá uma equalização maior em função do aumento da taxa Selic”.
Para Alckmin, o empenho do governo se justifica porque “quando o agro vai bem, ajuda a indústria e quando a indústria vai bem, ajuda o agro. São irmãos siameses”.
Como ministro, ele lembrou que a agroindústria é a primeira das seis missões previstas no programa Nova Indústria Brasil, com linhas com linhas atreladas à TR, de 4% ao ano, e também citou o Combustível do Futuro, que prevê o aumento das misturas de etanol e biodiesel à gasolina e ao diesel de petróleo, respectivamente.
O vice-presidente foi otimista também ao comentar a nova política tarifária dos Estados Unidos, que elevou em 10% a tributação sobre produtos brasileiros.
“Eles têm US$ 25 bilhões de superávit com o Brasil, US$ 18 bilhões em serviços e US$ 7 bilhões em bens, e dos dez produtos que mais exportam para nós, oito são sem tarifa e a média geral é 2,5%”, disse.
“Não somos problema para os Estados Unidos, por isso ficamos na faixa de 10%, mas o caminho é o diálogo e ‘olho por olho’ o máximo que pode acontecer é os dois ficarem cegos”, completou.
Perspectivas
Maior feira de máquinas agrícolas do País, a Agrishow espera movimentar R$ 15 bilhões na edição deste ano, entre esta segunda-feira 28 de abril, e 2 de maio, em Ribeirão Preto. Se as previsões dos organizadores se concretizarem, será um crescimento de 10,2% em relação aos R$ 13,6 bilhões da edição passada
A organização da Agrishow não divulgou no evento a expectativa de público. No ano passado, foram mais de 195 mil visitantes. A feira, realizada em um espaço de 520 mil metros quadrados, tem cerca de 800 expositores.