A Rural passa, a partir de março, a contar com dois pés cravados no solo do Mato Grosso, maior produtor agrícola do País. A companhia, que lidera um ecossistema de investimento e colaboração no universo agtech, acaba de trazer para o seu time o engenheiro agrônomo Paulo Ozaki, nome reconhecido tanto entre produtores como no universo de inovação do Estado.

Ex-superintendente do Agrihub, hub de inovação ligado à federação da Agricultura do Mato Grosso (Famato), e apresentador de um dos mais tradicionais podcasts do segmento, o Agro Resenha, Ozaki vai liderar o Rural Labs, braço focado em validação de tecnologias junto aos produtores.

Matogrossense e formado pela Esalq, Ozaki acumula quase 20 anos de experiência no agro, com passagens pelo Cepea, IMEA (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) e atuação no setor da pecuária.

Nos últimos anos, dedicou-se à comunicação com o Agro Resenha, que já soma mais de 600 programas com diversos nomes do agro, sejam grandes empresas, produtores rurais e especialistas renomados.

Ao AgFeed, Ozaki considerou a nova empreitada como uma “baita oportunidade”, e explicou que vai atuar como uma ponte entre dois universos: o do agro tecnológico e o do agro real.

“Vou conversar tanto com startups quanto com produtores. Uma coisa é levar a tecnologia para o produtor na linguagem da agtech, outra é na própria linguagem dele. Vi uma possibilidade de unir as experiências que acumulei nos últimos anos levando inovação através da comunicação”, disse o novo head do Rural Labs.

Desde o ano passado que a Rural, antiga Rural Ventures, tem se posicionado para além do venture capital.

De olho na dificuldade em levar novas tecnologias aos rincões do País somado a um momento mais difícil no mercado de investimento em startups, a empresa fez um ajuste em seu modelo de negócios.

A ideia, segundo explicou Fernando Rodrigues, fundador da Rural, é posicionar a empresa, cada vez mais, como um ecossistema de agtechs. Um movimento que, de acordo com ele, se deve à constatação de que o ecossistema das agtechs está muito fragmentado.

A chegada de Ozaki ajuda a Rural em duas vertentes. Primeiro a companhia ganha um profissional com vasta experiência no setor e capacidade de se comunicar com os elos na cadeia.

Além disso, ganha um ponta de lança no Mato Grosso, já que ele ficará sediado em Cuiabá, capital do estado.

Rodrigues acredita que a experiência de Ozaki vai ajudar a verificar se as tecnologias emergentes do mercado funcionam na prática. “O agro sempre funcionou com o produtor olhando para a cerca do vizinho. Estamos transformando essa cerca em digital, colocando uma luz para que todos possam usar as tecnologias que funcionam”, afirmou o fundador da Rural.

“A Rural bota o pé no Mato Grosso e chega não só para fazer a Rural Labs, mas para ampliar nossa presença geográfica”.

Desde o ano passado, a Rural já conta com parceiros em outros estados. A empresa anunciou em setembro passado a chegada de novos investidores como Fábio Barbosa, da NovAmérica, e José Américo Basso Amaral, da Jotabasso.

O movimento serviu para a companhia fincar um pé em várias culturas do agro.

No R² Conecta, vertente da empresa que contém um robô que ajuda corporações a encontrarem novas tecnologias vindas de agtechs, a Rural é parceira de grandes companhias como BRF, 3Tentos, Basf e Atvos.

“Faltava no mercado uma empresa que validasse as tecnologias produzidas e implementadas no campo. E isso tem que acontecer aumentando o leque de oportunidades e trazendo visibilidade para todos na cadeia. O papel da Rural é comunicar, informar e tornar visível o que faz diferença no campo”, disse Rodrigues.

Paulo Ozaki entra no time com a expectativa de mostrar a importância de se adotar a tecnologia no campo mesmo antes do negócio atingir seu potencial máximo.

“Normalmente fazendas já estabelecidas adotam tecnologias. Mas vamos mostrar que sai na frente quem adota antes”.

Ao mesmo tempo, Osaki tem a missão de mostrar aos fazendeiros que a tecnologia precisa deixar dinheiro na mesa. “Se não deixar um real não  valeu a pena. Vamos mostrar por ‘A mais B’ que a inovação é um caminho sem volta”, acrescentou.