A Cerradinho Bioenergia anunciou a contratação de um financiamento de até R$ 200 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A medida foi aprovada pela Conselho de Administração da companhia.
O anúncio ocorre uma semana após a empresa divulgar o balanço referente ao terceiro trimestre do ano-safra 2024/25, onde dobrou suas receitas, faturando R$ 1,1 bilhão no período.
O bom timing operacional e financeiro dá mais fôlego à companhia na busca de recursos no mercado. Isso porque neste último balanço, a Cerradinho viu sua alavancagem, indicador que ajuda a medir a saúde financeira do negócio, atingir 2,28 vezes a relação entre a dívida líquida e o Ebitda.
Ao final de 2023, o indicador estava em 4,7 vezes. O recuo ocorreu porque enquanto a dívida permaneceu estável em R$ 2,4 bilhões, o lucro operacional (Ebitda) avançou.
Os valores que serão captados servirão tanto para reforçar o capital de giro quanto para compra de “máquinas e equipamentos (nacionais ou importados), sistemas industriais, componentes e bens de informática e automação de fabricação”, segundo a empresa.
O recurso atenderá tanto demandas da Cerradinho, quanto da Neomille, sua subsidiária focada na produção de etanol de milho. Na operação, a CerradinhoBio deverá hipotecar um imóvel localizado em Serranópolis (GO).
A companhia visita frequentemente o mercado em busca de financiamentos. A última vez foi em novembro passado, quando emitiu R$ 600 milhões em debêntures.
Na época, a Cerradinho informou que os recursos captados seriam utilizados para dar tração às usinas de cana-de-açúcar da empresa.
Do dinheiro total, R$ 318 milhões seriam utilizados na produção de biocombustíveis na planta de Chapadão do Céu (GO), e o restante na Neomille, com sede em Maracaju (MS).
No BNDES a relação também é antiga. Em 2004, mais de 20 anos atrás, a companhia captou R$ 40 milhões para a empresa ampliar sua cogeração de energia. Em 2014, 11 anos atrás, foram R$ 138,8 milhões para investimentos em pesquisa e desenvolvimento relacionados a sistemas de limpeza a seco da cana.
Há cerca de dois anos, a empresa realizou um empréstimo com o BNDES nos mesmos termos e valores do anúncio de hoje: R$ 200 milhões para capital de giro e maquinário.
Um trimestre para não esquecer
Além da queda da alavancagem e avanço na receita, a Cerradinho registrou um lucro líquido de R$ 110 milhões de outubro a dezembro de 2024, alta de 26% na comparação com o mesmo período em 2023.
De acordo com a empresa, o desempenho positivo foi resultado do crescimento na moagem, da diversificação e vendas de açúcar, de uma recuperação dos preços do etanol e da expansão da produção de etanol de milho, feita pela subsidiária Neomille, e seus coprodutos.
Diferente das concorrentes com operações no interior de São Paulo como Raízen, Jalles Machado e São Martinho, a companhia não teve que desembolsar um valor não previsto para compensar as perdas com os incêndios ocorridos no ano passado, e com isso foi na contramão das outras empresas.
A moagem de cana atingiu 748 mil de toneladas no trimestre, queda de 35% em um ano. Ao mesmo tempo, o processamento de milho cresceu 94%, chegando a 371 mil toneladas.
No acumulado do ano, já são 4,8 milhões de toneladas de cana e 1,1 milhão de toneladas de milho.
A produção de etanol atingiu 209 milhões de litros, alta de 30,4% em um ano. A produção de açúcar VHP, iniciada no trimestre, chegou a 42 mil toneladas. No acumulado, são 842 milhões de litros e 141 mil toneladas, respectivamente.