Cascavel (PR) - Instituição privada líder no crédito rural brasileiro, com R$ 101 bilhões na carteira e 777 mil associados no setor agropecuário, o Sicredi já aponta freio na demanda para o financiamento com as seguidas altas na taxa básica de juros.

Para a próxima safra, com a Selic caminhando para o patamar de 15% ao ano, criam-se dilemas para governo e instituições financeiras na concessão de recursos para o produtor.

“A demanda por crédito existe, mas é menor e (o produtor) vai segurar um pouco esperando condições melhores”, afirmou Gustavo de Castro Freitas, diretor executivo de Negócios, Crédito e Produtos do Sicredi.

“O governo tem feito esforço grande nessa interlocução, mas não terá como fugir de lançar um Plano Safra, que saiu de uma Selic de 10,5% no ano passado para, na melhor hipótese, em 14,5%, ou acima de 15%, na pior hipótese”, completou

Durante entrevista no Show Rural Coopavel, o executivo avaliou que, além da alta na Selic, as principais fontes para o subsídio ao crédito rural estão escassas. “As LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) estabilizaram e os depósitos à vista pararam de crescer”, comentou Freitas.

Com isso, na avaliação do Sicredi, o governo terá de escolher para qual linha e qual produtor direcionará mais crédito, bem como se irá ampliar os aportes para subsídio ao seguro rural, uma das principais demandas do setor.

Na avaliação da instituição financeira, o governo não deve, no entanto, abrir mão de crédito para investimentos na agricultura de baixo carbono e sustentabilidade.

“O ano é desafiador, porque juros e inflação ainda geram pressão sobre o fiscal, e a questão do teto é um dilema para ser equacionado”, completou Freitas.

Crescimento na carteira

Mesmo com a pressão do crédito, o Sicredi segue em ritmo de crescimento. Os R$ 101 bilhões que, segundo a instituição, lhe renderam a liderança na carteira do setor agrícola em 2024 representam uma alta de 21% sobre 2023

Na carteira, os desembolsos do Plano Safra pelo Sicredi aumentaram 5,9% no primeiro semestre da safra 2024/2025, entre julho e dezembro, ante igual período de 2023/2024. A instituição financeira liberou R$ 33,9 bilhões.

Em termos de distribuição dos recursos por finalidade, foram 45% para custeio, 31% para Cédula de Produto Rural (CPR), 22% para investimentos e 2% para comercialização. Os desembolsos para a CPR cresceram 57% entre os primeiros semestres das safras e foram o destaque de aumento entre as operações.

O diretor executivo do Sicredi lembrou ainda que a instituição financeira é a maior financiadora privada de crédito do BNDES, com R$ 12,2 bilhões em 2024, dos quais R$ 8,4 bilhões para programas agropecuários.

Uma das alternativas que mais crescem para a aquisição de máquinas e equipamentos são os consórcios. Em 2024, o Sicredi negociou R$ 14,8 bilhões, alta de 32% ante 2023, contra uma alta de 19% do mercado total.

São 390 mil participantes em grupos e uma carteira de R$ 46 bilhões, que deve superar R$ 50 bilhões até o final de 2025, segundo o Sicredi.