A Cooxupé, Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé, no sul de Minas Gerais, oficializou nesta sexta-feira, 31 de janeiro, seu projeto para passar a atuar também no mercado de cereais, especialmente soja e milho.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, a Cooxupé informa que firmou uma sociedade com a empresa Agrobom para atuar nesta área.

"Vimos grande potencial em hectares e na produção de cereais, especialmente soja, por parte dos nossos cooperados, e a entrada da Cooxupé neste mercado permitirá a captação de novos produtores que são envolvidos com estas culturas agricolas. A cooperativa mantém estrutura para fornecer todos os tipos de assistência, seja em campo ou em unidades de atendimento, para o fortalecimento das atividades desses agricultores", destacou o presidente da cooperativa, no comunicado.

A decisão estratégica foi antecipada pelo AgFeed em março de 2024, quando o presidente da cooperativa Carlos Augusto de Melo, disse em entrevista exclusiva: “Já vendemos muitos insumos para soja e milho, mas precisamos ter os outros pilares, como armazenagem, logística e comercialização”.

A Cooxupé tem mais de 20 mil agricultores cooperados. Segundo a cooperativa, na safra 2023/2024 as vendas de adubos e defensivos para grãos representaram 7% do faturamento obtido com insumos.

A meta, segundo disseram os dirigentes na época ao AgFeed, era chegar em 15% na safra 2024/2025, o que poderia significar R$ 250 milhões em faturamento, somente com a venda de insumos para “outras culturas”, em que não se considera o café.

O faturamento da Cooxupé em 2024 atingiu o valor recorde de R$ 10,5 bilhões.

Nas vendas de insumos que já vinham sendo realizadas, alguns produtores fazem operação de troca, com a entrega dos grãos.

Como também havia antecipado o AgFeed, enquanto ainda não possuia um negócio neste segmento a Cooxupé vinha operando com parceiros, como o Grupo Castelli, que tem a Agrobom, que faz armazenagem, beneficiamento e exportação de grãos.

Agora, a Cooxupé está criando uma espécie de joint venture, disseram os executivos. Na prática a cooperativa se torna sócia majoritária da Agrobom. Fundada em 2006, em Bom Jesus da Penha, sul de Minas Gerais, a empresa tem suas atividades voltadas para grãos. “A sociedade solidifica os investimentos da Cooxupé para a diversificação de seus negócios que, a partir de agora, englobam também os processos de recebimento, comercialização e exportação de soja e milho”, diz o comunicado.

Verticalização

Nos planos da Cooxupé não está apenas a compra de grãos para exportação. O vice-presidente da cooperativa, Osvaldo Bachião Filho, confirmou a intenção de construir uma indústria esmagadora de soja.

“A esmagadora é um dos projetos possíveis. A gente acaba de contratar agora o grupo Markestrat para nos apoiar e fazer o planejamento estratégico voltado para cereais e a gente quer entender todos os potenciais itens de produção”, afirmou em conversa com jornalistas na tarde desta sexta-feira, para detalhar o projeto.

Em 2024 a Agrobom exportou 120 mil toneladas de grãos, porém movimentou um total de 1,8 milhão de toneladas já que é especializada em armazenagem e beneficiamento.

O AgFeed apurou que a esmagadora, levando em contato o potencial da região, poderia demandar pelo menos R$ 1 bilhão em investimentos.

Este ano a expectativa é crescer até 20%, mas um salto mais significativo poderá ser dado assim que for definido o plano estratégico e os investimentos na verticalização – que na visão de Carlos Augusto de Melo é prioridade.

O dirigente não descarta futuros investimentos em outras áreas, como por exemplo em etanol de milho. Admite também que, na primeira etapa, o foco será os 300 municípios atendidos pela Cooxupé, mas que, no futuro, poderia chegar também aos grãos produzidos nas regiões Sul e Centro-Oeste.

Vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho, fundador da Agrobom, Mário Nelson Castelli e o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto de Melo (da esquerda para a direita), durante evento sobre grãos com os cooperados