Há poucos meses a agtech americana Pattern Ag cantou parabéns em português pela primeira vez. Em junho deste ano, a startup comemorou um ano operando no Brasil.

Especializada na análise de terrenos agrícolas a partir de testes genômicos, a empresa entrou no mercado nacional em 2023 com apoio da Lavoro, numa atuação exclusiva com a rede de revendas nos primeiros meses.

Passados alguns meses, entretanto, passou a alçar voos mais altos e, segundo Pedro Barbieri, agrônomo que é o líder das operações da companhia no País, a operação dobrou de tamanho.

Em entrevista ao AgFeed, o executivo disse que a Pattern mapeou 35 mil hectares de plantações de soja e milho no ano passado e, só nesta safra, já analisou mais de 60 mil hectares, entrando também nos mercados de algodão e trigo.

“A gente duplicou a capacidade de análise, área, faturamento e as culturas que atuamos de um ano para cá. Fizemos parcerias com IAC e Esalq, que rodam pesquisas de campo nacionais, o que faz com que tenhamos P&D lá fora e aqui”, afirmou.

No começo do ano, a companhia montou um laboratório em Campinas, no interior de São Paulo, onde faz todas as análises de solos brasileiros. Para o futuro, Barbieri antecipa que a companhia passará a atuar na cultura de cana-de-açúcar.

Essa entrada na terceira principal cultura produtiva do País se dá por um movimento global da Pattern Ag. Em agosto deste ano, a companhia anunciou que se fundiu com a EarthOpics, agtech que atua também com análise de solo, mas sob outras óticas.

Segundo Barbieri, enquanto a Pattern entra com a parte metagenômica, fazendo amostragem de solo, medindo níveis de fertilidade e avaliando o DNA da terra, a companhia irmã faz análises de compactação de solo e da parte elétrica do mesmo.

“Tínhamos a biologia e, agora, a física e química, trazendo a mensuração de carbono. Estamos olhando para o solo de forma holística”, afirmou Barbieri durante a edição de 2024 do Agtech Meeting, evento promovido pela PwC em Piracicaba (SP).

As empresas já atuavam em parceria há tempos lá fora. Agora, com a fusão, conseguem entregar um pacote completo de análise de solo, acredita o executivo.

Por aqui, o nome da empresa continuará como Pattern Ag, mas lá fora, será conhecida como EarthOpics.

As novas tecnologias da empresa recém-chegada possibilitam a entrada no mercado de cana, segundo Barbieri. Na cultura, a empresa está mapeando as principais pragas e doenças que afetam os canaviais, na intenção de montar um pacote completo para o mercado.

A parte de pesquisa demora alguns meses e a expectativa é ir ao mercado no segundo semestre do ano que vem.

“Em um ano, mudamos da água para o vinho, nos estabelecemos, expandimos e, no ano que vem, vamos crescer com mais portfólio, mais tecnologia e com mais equipe”.

O modelo de negócio da Pattern é focado no B2B, mas com alguma atuação direta com os produtores. O “cliente” da companhia é geralmente um agrônomo ou consultor que atende produtores.

A ideia da Pattern é oferecer um “laudo” do solo para que alguém que tenha a vivência histórica da fazenda saiba a decisão correta a tomar. “De um lado nós mostramos o que encontramos e do outro o parceiro sabe o que precisa fazer”.

No B2C, a companhia atende fazendas mais tecnificadas, que já possuem uma equipe agronômica interna. “Gostamos de trabalhar com o time que atende o produtor”.

Na estratégia em parceria com a Lavoro, os serviços da Pattern entram como mais uma opção do cardápio da rede de revendas. “A Lavoro deixou de atuar com um nicho de revenda puro e simples e passou a também prestar assistência técnica ao produtor. Nos EUA, toda revenda é assim”.

A parceria da Pattern com a Lavoro aconteceu por conta de David Friedberg, um investidor consagrado em agtechs que investiu tanto na startup quanto na rede de revendas por meio da TPB.

Em uma entrevista exclusiva ao AgFeed dada no começo de 2024, Friedberg afirmou que viu uma grande oportunidade em unir softwares agrícolas com o setor de distribuição de insumos.

"A oportunidade é muito significativa. Produtores brasileiros estão muito atrás em termos de adoção de certas tecnologias e acredito que o melhor modelo é trazê-las junto com os revendedores", disse na época.

Além da Pattern Ag, ele ajudou a trazer a Stenon, que faz análises químicas do solo, para a rede que pertence ao Pátria.

A TPB é uma investidora de longa data da agtech, que em 2022 captou US$ 35 milhões em uma rodada de investimentos do tipo Série B. Desde a fundação, a companhia já captou US$ 60 milhões.