Para o banqueiro André Esteves, o projeto do BTG Pactual para o mercado de florestas e ativos ambientais foi formatado para ter “escala infinita”. A julgar pelo calibre dos clientes que têm buscado parcerias com o o Timberland Investment Group (TIG), controlado pelo banco e dono de um dos maiores projetos de reflorestamento e restauração de matas nativas do mundo.

Depois de vender 8 milhões de créditos de carbono para a Microsoft, de Bill Gates, há alguns meses, o TIG anunciou nesta quarta-feira, 18 de setembro, a comercialização de 1,3 milhão de créditos de remoção de carbono baseados na natureza até 2038 para a Meta, empresa de Mark Zuckerberg.

Em comunicado, o BTG informou que a venda faz parte de sua “estratégia de reflorestamento na América Latina, que visa apoiar a mitigação das mudanças climáticas e trazer benefícios para a biodiversidade e comunidades”.

A dona do Facebook ainda fechou um acordo que acrescenta mais 2,6 milhões de créditos extras, caso queira adquirir, até o final do período.

Procurado, o BTG não divulgou valores da operação. Considerando o preço da semana passada de US$ 4,22 por crédito, de acordo com dados do Allied Offsets, os 3,9 milhões de créditos podem valer US$ 16,4 milhões.

De acordo com o TIG, os créditos serão entregues a partir da estratégia de reflorestamento e restauração de US$ 1 bilhão da empresa na América Latina, que tem a Conservation International como conselheira de impacto.

O BTG Pactual é hoje, através de suas empresas, um dos maiores detentores de ativos de timber (madeira) e florestais do mundo, com mais de US$ 6 bilhões em florestas sob sua gestão globalmente, segundo afirmou o próprio Esteves em evento realizado em São Paulo em maio.

A estratégia do TIG visa proteger e restaurar aproximadamente 135 mil hectares de florestas naturais em paisagens desmatadas, de acordo com a empresa. A estratégia também busca plantar milhões de árvores em florestas comerciais de forma sustentável nessas terras.

Para isso, o grupo investe em áreas em diversas regiões. Mas, pelo contrato firmado agora, os créditos comprados pela Meta serão originados especificamente da recuperação do Cerrado brasileiro.

“Aproximadamente metade das terras do Cerrado já foi convertida para outros usos e o bioma continua enfrentando altas taxas de desmatamento”, afirmou o BTG, em nota. “A estratégia também se concentra em proporcionar benefícios comunitários por meio do aumento do emprego rural, desenvolvimento comunitário rural e desenvolvimento da bioeconomia”.

Até o momento, o BTG Pactual afirma que o TIG já investiu em 37 mil hectares, tendo plantado mais de 7 milhões de mudas, além de já ter iniciado a restauração de aproximadamente 2,6 mil hectares de floresta natural.

“Mais de 300 espécies de plantas e animais foram identificadas no primeiro investimento da estratégia, onde uma nova zona de mata ribeirinha de 400 metros de largura deve criar um corredor de quase 5 quilômetros até uma grande floresta natural vizinha, conectando, em última análise, quase 10 mil hectares de habitat natural”.

Do lado da Meta, de Mark Zuckerberg, a compra faz parte do programa de zerar as emissões líquidas em sua cadeia até 2030. Segundo a big tech, essa é a maior transação de remoção de carbono em um único projeto até agora.

“Nossa estratégia também busca expandir o mercado voluntário de carbono para incluir projetos de alta qualidade que ofereçam benefícios ambientais e sociais adicionais além da captura de carbono”, afirmou a Meta, em nota.

Há alguns meses, a empresa, junto com Google, Microsoft e Salesforce, anunciou a criação da Symbiosis Coalition, iniciativa que planeja fomentar 20 milhões de toneladas de créditos de carbono baseados na natureza até 2030.