Uma das capitais brasileiras do agronegócio, a paranaense Londrina tornou-se nos últimos 50 anos, um dos principais polos de contato entre academia, centros de pesquisa, produção agrícola e agroindústrias no País.
Esse conjunto de atores tornou-a uma praça estratégica para o surgimento de um fértil ecossistema de inovação. Prestes a completar três anos de existência e com 60 startups no portfólio, o hub Cocriagro, de Londrina (PR) é um bom exemplo disso.
Em franca expansão, a iniciativa olha agora para além das fronteiras regionais e, para isso, reforça sua estrutura de gestão, com a chegada de novos sócios e a escolha de uma nova CEO. Agora, o hub possui quatro sócios: os entrantes Fábio Mello e Jorge Carvalho e os já diretores George Hiraiwa, que atuará como head de relacionamento, e Tatiana Fiuza, que assume o principal posto no Cocriagro.
Mello é agrônomo de formação e um executivo com mais de 20 anos no agro. É fundador e CEO da Brid Soluções, empresa que atua com dados para empresas do agro. A companhia afirma ter atendido mais de 300 clientes do setor, incluindo distribuidores, cooperativas, agroindústrias e sementeiras.
Carvalho, por sua vez, coordena projetos em gestão e inteligência empresarial na consultoria Base Organizacional, além de também ser sócio da Brid.
Em entrevista ao AgFeed, a CEO, Tatiana Fiuza, disse que agora o hub focará em criar jornadas de inovação customizadas, fazendo que as conexões com startups do agro sejam mais efetivas nas empresas.
Ela afirmou que o hub percebeu, nos últimos anos, que muitas empresas e cooperativas que queriam se relacionar com startups não tinham o grau de maturidade adequado para recebê-las. Algumas não conseguiam sequer diagnosticar problemas internos para pensar numa solução.
Essa discrepância fez o hub, que havia sido formatado para conectar agtechs com outros players, assim como na maioria dos hubs, passar a ser mais assertivo na jornada de inovação.
“Mudamos a direção com a perspectiva de trazer resultados mais tangíveis e mostrar para as lideranças das empresas o impacto da inovação nos negócios, seja gerando receitas ou diminuindo custos”, conta.
Além disso, o Cocriagro quer levar mais processos de gestão para as startups do ecossistema. Fiuza afirmou que o hub vai passar a atuar com uma metodologia própria baseada na ISO 56.002, norma que oferece diretrizes para criação de um sistema de gestão da inovação em organizações.
“Uma empresa decidiu que quer inovar e não sabe como fazer? Vamos ajudá-la em toda trajetória. Vamos trazer para a gestão indicadores de resultados”, afirma.
Hoje o Cocriagro possui em seu portfólio cerca de 60 startups conectadas de todas as regiões do Brasil. O hub estima que, juntos, os parceiros somam mais de 13 mil produtores atendidos pelos serviços das empresas, além de cooperativas, agroindústrias, outros ecossistemas de inovação e grandes players do agronegócio também conectados.
Dentre as agtechs estão a Agroboard, AgroForte, a Sette (junção da Bart Digital com a A de Agro) e a EEmovel Agro. A Bart, inclusive, foi criada dentro do ecossistema da Cocriagro em Londrina, relembra Fiuza.
Na outra ponta, o hub possui parcerias com empresas e associações como a cooperativa Integrada, Belagrícola, AGCO, Deloitte, Sicoob e Sicredi. Além disso, também se relaciona com institutos de ciência e tecnologia e produtores rurais.
A CEO da Cocriagro afirma que o hub nasceu com muitas startups que atuavam dentro da porteira, resolvendo problemas de manejo de solo e cuidados na prática agrícola.
Com o passar dos anos, Fiuza percebeu que havia uma forte demanda de indústrias do agro por soluções inovadoras. “Hoje olhamos com mais atenção indtechs e agfintechs, que possam fornecer análises para cooperativas e indústrias, bem como automação industrial e previsibilidade de dados”, conta.
Dentre alguns novos nomes nesse sentido, ela cita a startup Go Agents, que cria assistentes virtuais via IA, além da startup japonesa Sagri, que coleta dados de solo a partir de imagens de satélite e que está entrando no mercado nacional com ajuda do hub.
Outra ideia de Fiuza é expandir a posição institucional do hub para outros estados, principalmente no Sul e em algumas regiões do Sudeste. “Queremos posicionar o Cocriagro como ambiente de atuação não só em Londrina. Também está no nosso escopo criar outras sedes físicas”.
Outra agenda que Tatiana quer levar como CEO de um hub é a do empreendedorismo feminino. Sendo uma das poucas CEOs de hubs de inovação mulher, ela pretende discutir mais a falta de mulheres em cargos de liderança na inovação.