A Rumo, braço de logística do grupo Cosan, tem como carro-chefe o transporte de soja, farelo e milho. Nos cálculos de Fábio Henkes, diretor comercial da empresa, 70% do lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da companhia vêm do transporte desses produtos.
Uma nova avenida de crescimento, porém, está ganhando importância na empresa. Com o boom do etanol de milho no Centro-Oeste, a Rumo prevê crescer nesse mercado, e projeta aumentar em 50% o transporte de etanol para o estado de São Paulo, o maior consumidor do biocombustível do País, nos próximos anos.
De acordo com dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a demanda por etanol no estado paulista bateu 863 milhões de litros em abril deste ano. A Rumo deve trazer para São Paulo neste ano pouco mais de 3 milhões de metros cúbicos, ou três bilhões de litros.
Com um aumento de 50% em três anos, Henkes projeta que o transporte seja de cerca de 4,5 bilhões de litros anuais.
O executivo conversou com o AgFeed durante a conferência internacional sobre biocombustíveis, promovida pela Argus Media, nesta quinta-feira, 20 de junho, na capital paulista.
Ele explicou que esse crescimento acontecerá por conta dos atuais investimentos em melhorar as operações de Paulínia (SP), em Rio Verde (GO) e com a extensão da malha ferroviária do Mato Grosso até a cidade de Lucas do Rio Verde.
“Notamos que tem muito mais etanol vindo até 2030, com a entrada de mercados como o de Mato Grosso do Sul e Goiás. O mercado está mudando, temos o SAF (combustível de aviação) e começamos a ver demandas de exportação. Estamos atentos para uma possível expansão das operações no Porto de Santos”, afirmou o diretor durante o evento.
O projeto de extensão de sua malha ferroviária, que atualmente termina em Rondonópolis, para a cidade de Lucas do Rio Verde, é “um dos maiores projetos de infraestrutura no Brasil no momento”, segundo Henkes. A primeira fase das obras envolve entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões, e os efeitos devem começar a ser sentidos em 2027.
A obra engloba 700 quilômetros de ferrovia, e esse novo trecho ajudará a Rumo a se conectar à Malha Paulista, o que facilitará o acesso ao Porto de Santos.
Em Rio Verde, desde que assumiu a concessão arrematada em leilão em 2019, a Rumo executou uma série de obras na infraestrutura ferroviária e investiu R$ 4 bilhões em obras e novos terminais.
“Precisamos fazer algo a mais para conseguir capturar esse mercado que cresce ano a ano. A fronteira de crescimento do etanol de milho é enorme, e precisamos investir para atender os volumes expressivos que olhamos para 2030 e 2035”, acrescentou.
Em Santos, a Rumo tem se movimentado tanto na compra quanto na venda de alguns ativos no local, reciclando suas operações.
A Rumo vendeu recentemente sua participação nos terminais T16 e no T19 (ambos no porto de Santos) à CLI, companhia controlada por IG4 e Macquaire.
Além disso, se desfez do T39 numa transação de R$ 600 milhões por sua participação de 50% que envolveu a Bunge e a japonesa Zee-Noh.
Em março deste ano, anunciou que investirá R$ 2,5 bilhões no porto para construir um novo terminal de grãos. “Vendemos terminais maduros em Santos para investir em novos”, afirmou Henkes.