De modo geral, as feiras de ciência promovidas pelas escolas têm o objetivo de dar aos alunos a chance de aprender como se aplica, na prática, o que aprendem na sala de aula e de exercitar a criatividade, mostrando seus resultados para os pais e guardando boas lembranças.
O jovem João Barboza foi além. Ao iniciar um projeto na sua adolescência, perto dos 12 anos de idade, ele participou de feiras internacionais e, alguns anos e 35 premiações depois, foi estimulado pela Sociedade Rural do Paraná, seu estado natal, a abrir uma empresa com a sua ideia. Após alguma relutância por parte do jovem, em 2018 surgiu a Dioxd.
O nome vem exatamente do dióxido de carbono, o famoso CO2, conhecido por ser um dos grandes “vilões” do meio ambiente. Barboza, hoje com apenas 23 anos, tem transformado esse gás com fama tão negativa em um elemento que aumenta a produtividade de grãos, ajudando a diminuir a necessidade de expansão de áreas plantadas e, consequentemente, preservando florestas.
“A Dioxd começou em 2018 fazendo as validações necessárias em cada cultura. Comercialmente, iniciamos as operações na safra 2020/2021. No primeiro ano, o faturamento foi de R$ 80 mil. Nesta safra 2023/2024, chegamos a R$ 2 milhões”, conta o CEO.
Para a safra 2024/2025, Barboza espera bater um recorde de faturamento, chegando a R$ 2,5 milhões. “Esta safra foi mais difícil, por todo o contexto do setor. Mas já temos sinais de retomada e devemos ter um ano muito positivo”.
A tecnologia da Dioxd consiste em injetar uma combinação de seis gases em sementes, tendo o CO2 como ingrediente principal dessa mistura.
“Os equipamentos são portáteis, levamos os gases em cilindros até o local onde estão as sementes. Fazemos uma exposição de 40 minutos, monitorando toda a aplicação”, explica Barboza.
A Dioxd já atua com soja e feijão, com uma carteira que conta com mais de 100 clientes, e uma área coberta de aproximadamente 100 mil hectares.
“Tanto em soja quanto em feijão, nós conseguimos um aumento médio de produtividade de 4 sacas por hectare, com um investimento que equivale a 0,5 saca por hectare”.
Neste momento, a Dioxd está em fase de expansão para outras culturas. Barboza conta que ainda este ano, deve ser finalizada a validação para milho. “O que observamos é que no caso do milho, o ganho de produtividade é até maior, com 6 a 7 sacas por hectare”.
No algodão, a startup está com 60% da validação concluída, ainda sem data para início das operações. A Dioxd procura atuar também com sementes de trigo, com os testes de campo iniciados no início de maio em áreas no Paraná.
Com esta expansão, especialmente no milho, Barboza projeta não só um recorde de faturamento, mas também de área plantada com as sementes tratadas pela tecnologia da Dioxd.
“Tenho sentido uma postura diferente dos clientes para esse próximo período, estão mais confiantes na efetividade da tecnologia. Estamos projetando ter 150 mil hectares de área somente em 24/25%”, conta o empresário.
Para os próximos anos, a Dioxd tem dois objetivos principais. Um deles é começar a operar fora do Brasil.
“É um plano para ser executado em dois ou três anos. Olhamos para Argentina e Paraguai, temos criado vínculos para entrar nos Estados Unidos, atuar com sementes de milho no México”, diz Barboza.
Outro plano é diminuir o tempo de tratamento das sementes, aumentando a capacidade. “Nosso objetivo é reduzir o tempo de exposição dos 40 minutos atuais para 10 minutos”, revela o CEO.
Esse avanço deve viabilizar as relações da Dioxd com grandes produtoras de sementes, como Bayer e Syngenta, e com cooperativas agrícolas, projeta Barboza.
Para executar esses planos, a Dioxd estrutura uma rodada de investimentos. A startup já recebeu um primeiro aporte de R$ 1,3 milhão de nomes experimentados no agro, como a Agroven e da GR8 Ventures. “Estamos nos aproximando de alguns fundos para fechar uma nova rodada no primeiro trimestre de 2025”.