Não Me Toque (RS) - Pela primeira vez uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do País, a Expodireto Cotrijal, no Rio Grande do Sul, recebeu expositores chineses, além de uma delegação de visitantes do país asiático.
No Pavilhão Internacional da feira, circularam chineses que representavam tradings, empresas de tecnologia, importadoras e também membros de governo.
Dai Zhixuan disse ao AgFeed estar representando a Yuji Trading Company, de Shanghai, uma das várias empresas estatais responsáveis por prospecção no mercado internacional, de produtos e fornecedores. O foco dele no evento foi fazer contato com empresas brasileiras e avaliar potenciais fornecedores de soja, açúcar e pés de galinha, que serão destinadas a províncias no Norte e Sul da China, além de Shanghai.
“Queremos comprar entre 50 e 100 mil toneladas mês de grãos e de 5 a 10 contêineres de pés de galinha”, afirmou Zhixuan. Segundo ele, o governo cshinês compra este produtos para armazená-los por pelo menos oito meses “a fim de que não tenha risco de desabastecimento”, explica.
Os contatos normalmente são iniciados na feira para que depois se transformem em negócios, após o evento. Mas a plataforma de blockchain para negócios com grãos, a Agricon, estava por assinar, logo que terminasse a rodada desta quinta-feira, um contrato com a Yuji Trading Company. Foi o que disse a CEO da Agricon, Eduarda Schneider ao AgFeed, explicando que fará a certificação de qualidade dos produtos que serão importados pela trading chinesa.
“A trading está buscando, na verdade, formas de reduzir o número de intermediários nas operações de compra. Quanto mais gente no processo, menor é a margem de ganho e mais risco de ter ruídos de comunicação entre todos”, afirmou a executiva.
Na opinião de Eduarda, “o Brasil será cada vez mais assediado por estas empresas, portanto, uma oportunidade para que produtores e cooperativas se unam e venda diretamente às estatais chinesas”.
Tecnologia verde
A China também trouxe seus produtos para vender aos brasileiras, na Expodireto Cotrijal.
Transformar os gases resultantes da queima do carvão das termoelétricas em fertilizante é a proposta da JianNan Environmetal Technology (JET), uma das empresas que integram a comitiva chinesa.
Giuliano de Oliveira, representante da empresa asiática no Brasil, explicou que o processo técnico é feito com a dessulforização por amônia para capturar o enxofre que é eliminado pelas chaminés das termoelétricas, a fim de produzir o sulfato de amônia, que é o fertilizante utilizado na produção agrícola. “Ele tanto pode sair em pó, quanto granulado”, afirmou Oliveira.
O segundo processo feito com a mesma tecnologia é a captura de CO2 para produzir o bicarbonato de amônia, que resulta no fertilizante nitrogenado.
“De uma matéria-prima que é poluente, gerada pela queima do carvão, temos um novo produto que vem para solucionar o problema de déficit na produção nacional de fertilizante que existe no Brasil, com um custo menor do que o importado”, explicou o vice-presidente da JET, Peter Lu .
Oliveira disse que o País possui seis termoelétricas movidas a carvão, além de três estados com grande fonte de matéria prima - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo este último, detentor de 80% das reservas.
O representante da empresa chinesa contou que, após a feira, acompanhando de outros executivos, vai visitar as unidades de Candiota, no Sul do Rio Grande do Sul e da Termoelétrica do Pampa, a fim de mostrar a oportunidade de negócio que pode surgir com a tecnologia chinesa.
O investimento para instalação da tecnologia, segundo ele, fica próximo de US$ 45 milhões e o retorno a partir da venda do sulfato de amônia é estimado em US$ 150 milhões, com a produção de 1 milhão de toneladas/ano.