O E-agro, marketplace do Bradesco voltado para produtores rurais, está perto de completar um ano. A comemoração não será só pelo aniversário, mas também por atingir uma marca importante na concessão de crédito.

Em entrevista ao AgFeed, Nadege Saad, Head da plataforma, afirma que o E-agro, lançado durante a Agrishow de 2023, vai atingir R$ 1 bilhão em operações de crédito ainda neste primeiro semestre.

“Em 2023, conseguimos fazer R$ 500 milhões. Desse total, cerca de 70% são atreladoa à compra de produtos, enquanto os outros 30% são concessões de crédito puro, sem compra na plataforma”, conta.

A executiva ainda não divulga o valor bruto de mercadorias vendidas, indicador conhecido pela sigla em inglês GMV, mas isso deve mudar em breve.

“No segundo semestre, o nosso foco será em elevar o GMV. Queremos atrair mais parceiros para a plataforma”, afirma.

Segundo Nadege, o E-agro conta no momento com 45 parceiros que vendem produtos no marketplace, número que deve chegar a 50 até o final de março. “A nossa meta é ter 100 parceiros até o fim de 2024”.

A plataforma oferece ao produtor diversos itens como insumos, máquinas e até mesmo projetos de irrigação e seguros. Marcas como Case IH, Massey Ferguson, Jacto, Bauer, Boa Safra e Latina Seeds vendem produtos pelo E-agro.

Uma das categorias de produtos que a executiva pretende fortalecer na plataforma é a de insumos biológicos. “Há uma demanda crescente por biológicos, por sistemas de irrigação, energia solar e armazenagem. Estamos também conversando para oferecer caminhonetes”, conta.

O banco tem aproveitado a tradicional presença nas feiras do setor para tornar a marca E-agro mais conhecida, estreitar a conversa com outras empresas e entender as demandas digitais dos produtores rurais.

Uma oportunidade detectada pelo E-agro, por exemplol, virou uma nova forma de pagamento, que está sendo lançada esta semana na Expodireto Cotrijal, que acontece na cidade de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul.

“Estamos começando a oferecer o pagamento das compras com CPR (Cédula de Produtor Rural) na hora da finalização. O produtor pode contratar a CPR na hora, via plataforma ou também na distribuidora ou cooperativa parceira”, diz Nadege.

Ela afirma que percebeu uma carência dos produtores rurais que aderem a compras online. “Faltava crédito com taxas de juros adequadas ao agronegócio. Os juros da nossa CPR variam de 12% a 16% ao ano e pode ser com garantia ou aval”, explica a executiva.

As iniciativas de oferecer essa nova alternativa de pagamento e ampliar o número de parceiros são uma forma do E-agro se preparar para o próximo Plano Safra, do período 2024/2025.

“Nós temos 7 mil usuários ativos e, desses, quase 2 mil já compraram efetivamente na plataforma. Se esses 5 mil que não compraram foram até o E-agro é porque há um interesse. Teremos muitos produtores elegíveis para receber crédito do Plano Safra e pretendemos aumentar essa base de compradores”, afirma a executiva.

Questionada sobre como enxerga a relevância do E-agro no futuro da concessão de crédito agro dentro do Bradesco, Nadege avalia que o potencial é se tornar o originador mais importante entre pessoas físicas.

“Em um horizonte de cinco anos, que é muito longo quando se fala de agronegócio, vejo que existe essa condição. Em Pessoa Jurídica, a relação e o atendimento mudam um pouco. Mas em Pessoa Física, vejo essa condição”.

No geral, o crédito rural para pessoa física no Bradesco cresceu quase 10% em 2023, chegando a uma carteira de quase R$ 17 bilhões. Para empresas, o avanço foi mais expressivo, de 43%, para R$ 36 bilhões.

Nadege Saad afirma que a relação tem se aprimorado nas relações com as cooperativas agropecuárias, que têm inclusive montado suas próprias estruturas de vendas online,

“Nós temos, por exemplo, uma parceria com a Coopercitrus (do interior de São Paulo), em que oferecemos taxas especiais para os cooperados, com contratos atrelados ao uso do E-agro. Acabamos de financiar um grande projeto de irrigação dentro da cooperativa”.