Cascavel (PR) - Enquanto o mercado de defensivos segue lento e as incertezas sobre os resultados de 2024 ainda preocupam o setor, a gigante de defensivos e sementes Bayer aproveitou o terceiro dia do Show Rural Coopavel, no Paraná, para divulgar seus planos na área de sustentabilidade.
A principal novidade apresentada em encontro com jornalistas foi a ampliação do programa chamado PRO Carbono, que já envolve 1900 produtores rurais, com 200 mil hectares.
“Vamos ampliar para 1 milhão de hectares já na safra 2024/2025”, anunciou a head de sustentabilidade da Bayer na América Latina, Carolina Graça.
Ela disse que ainda não está definido o número de produtores que serão atingidos nesta segunda fase do programa.
Segundo a executiva, ao expandir a área de abrangência, haverá também maior ênfase “na mensuração das emissões de carbono no campo, indo além do foco do sequestro de CO2 no solo”.
Nesta quinta-feira a Bayer vai levar produtores que participam do programa para apresentar seus resultados ao público no estande da empresa, durante o Show Rural.
Carolina Graça garante que os resultados apurados até agora, envolvendo mais de 10 instituições de pesquisa, indicam que o ganho de produtividade foi de 11% após a implementação das práticas de baixo carbono. Na armazenagem de carbono no solo o ganho foi de 16,5%.
Perguntada sobre o custo de produção, a executiva disse que “não tem esse percentual, mas o relato dos produtores é de que o aumento não foi significativo”.
Ela lembrou que depende da realidade de cada produtor. Naqueles que já adotam plantio direto, por exemplo, o investimento pode ser menor.
“A experiencia conta que você começa com pequenos passos, como rotação, introdução de plantio de cobertura, ajuste na adubação. Em geral, o custo não é muito elevado”.
A oportunidade de uma remuneração extra ao produtor engajado no programa, segundo a Bayer, “vai depender do mercado”. No caso do programa da soja de baixo carbono, a empresa tem uma parceria com a ADM e, segundo Graça, é uma negociação entre o produtor e a trading, a Bayer não interfere
“Gostaríamos muito que o produtor tenha reconhecimento não só em margem, credibilidade, mas que tenha também um prêmio do mercado, mas isso tem que vir do mercado”, afirmou.
Graça informou ainda que, a partir desse ano, os produtores vão acessar uma plataforma, onde estarão disponíveis duas ferramentas. Uma delas é calculadora desenvolvida pela Embrapa para ver qual sua pegada de carbono. A outra é um modelo preditivo, para fazer simulações entre diferentes práticas agrícolas.
Cenário desafiador
O vice-presidente comercial da Divisão Agrícola da Bayer, Marcio Santos, que no mês de março vai assumir o posto de CEO da companhia no Brasil, também participou da conversa com os jornalistas.
O executivo admitiu que 2023 foi um ano difícil para a indústria, mas afirmou “não foi o primeiro e nem será o último, por isso começamos 2024 com muita expectativa e um cenário desafiador”.
Segundo ele, o produtor “segue tomando decisão de forma muito faseada, compra mais na hora do uso”.
Santos evitou, porém, dar detalhes sobre quais seriam os maiores desafios para empresa. “Pode cair mais ou menos, mas estamos otimistas em mostrar nossas soluções, o produtor vai seguir plantando”, disse.
O executivo afirmou que tanto indústrias e distribuidores como produtores estão com margens apertadas e precisam lidar com isso. “Alguns estavam mais preparados outros não, estão fazendo ajustes para trabalhar, mas não apaga o crescimento futuro”.
Sobre a sustentabilidade, ele defendeu os programas de agricultura regenerativa e disse que “é preciso ter coragem de admitir que há maus produtores, embora eles sejam a minoria, já que a própria ministra do Meio Ambiente (Marina Silva) tem dito que 98% fazem a coisa certa”.