A pirataria já foi e ainda é um problema para vários segmentos da economia. Na música, a criação e disseminação de plataformas de streaming ajudaram a resolver ou, pelo menos, minimizar a ocorrência desse tipo de delito. Para as operadoras de TV a cabo, continua sendo uma dor de cabeça.
No agronegócio, o crime também está presente. Um levantamento da CropLife Brasil, associação que reúne empresas e profissionais que atuam no desenvolvimento de tecnologias voltadas para agricultura sustentável, obtido em primeira mão pelo AgFeed, mostra o tamanho do problema no país.
Responsável por dar uma destinação correta para os produtos apreendidos, a CropLife contabilizou, no ano passado, 390,7 toneladas de defensivos agrícolas piratas que foram incinerados. Segundo a entidade, o processo é feito sem agredir o meio ambiente.
Nos últimos quatro anos, a CropLife contabilizou 1,1 mil toneladas de defensivos agrícolas destinados à incineração.
“Parcerias com órgãos fiscalizadores, como Ministério da Agricultura e Pecuária, Anvisa e Ibama, além das polícias, garantem a destinação correta dos produtos apreendidos, que deve ser sempre por incineração, por conterem resíduos químicos, e em usinas certificadas e capacitadas para esse tipo de serviço, sem riscos à saúde humana”, explica Nilto Mendes, Gerente de Combate a Produtos Ilegais da CropLife Brasil.
A associação relata que o número de apreensões mais que dobrou desde 2020, passando de 301 toneladas na safra 2020/2021 para 813 toneladas em 2022/2023.
Cálculo feito pelo Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) revela um prejuízo de quase R$ 21 bilhões em impostos não arrecadados e danos causados pela pirataria de defensivos agrícolas.
“É extremamente importante que o produtor esteja ciente dos riscos que o uso de insumos ilegais no campo traz tanto para a saúde de quem maneja esses produtos quanto para quem consome o alimento cultivado com esse tipo de substância”, reforça o Eduardo Leão, presidente da CropLife Brasil.
Para tentar prevenir e evitar a comercialização de defensivos piratas, a CropLife promove ações de conscientização junto aos produtores, incentivando a denúncia das práticas. A entidade possui ainda uma parceria com autoridades para treinar as forças públicas de segurança e órgãos de fiscalização.
Em uma parceria com a USP, a CropLife promove o treinamento, que está com inscrições abertas para o quarto e último módulo até a próxima segunda-feira, dia 5 de fevereiro.
Nos três primeiros módulos, foram quase 4 mil inscritos e 1,75 mil alunos certificados. “Acreditamos que é necessário um reforço nas políticas de repressão a estes ilícitos. Nesse cenário, a educação é um meio fundamental, e é essencial investir na capacitação dos profissionais para reconhecer e apreender o produto ilegal”, diz Leão.