Desde o final do primeiro semestre de 2023, especialistas já apontavam um cenário difícil para o segmento de insumos agrícolas no restante do ano. Os números do terceiro trimestre da norte-americana FMC, uma das maiores fabricantes de defensivos do mundo, confirmam o cenário desafiador, inclusive no Brasil.
A empresa apresentou prejuízo de US$ 4 milhões entre julho e setembro, equivalente a uma perda de US$ 0,03 por ação, no resultado contábil. No critério ajustado, a FMC apresentou lucro de US$ 0,44 por ação, queda de 64% em relação ao terceiro trimestre de 2022.
No documento de divulgação dos resultados, a FMC aponta uma participação importante da América Latina na queda de seu faturamento.
As receitas na região caíram 33% em um ano. No Brasil, a multinacional aponta um forte movimento de desestocagem de produtos, o que levou a uma queda no volume de vendas. A seca na Argentina foi outro ponto destacado pela FMC em seu balanço.
Em termos geográficos, a queda na América Latina só ficou abaixo da registrada na América do Norte, onde as receitas recuaram 34% na comparação com o segundo trimestre de 2022.
Segundo a companhia, em todas as regiões os canais de distribuição continuaram um movimento de redução em seus níveis de estoque.
No total, as receitas da FMC somaram US$ 982 milhões no terceiro trimestre, queda de 29% em relação ao ano passado. O Ebitda ajustado caiu 33% na mesma base de comparação, para US$ 175 milhões.
Com os números ruins do trimestre encerrado em setembro, a FMC adotou a estratégia de cortar despesas para se adequar ao cenário mais desafiador de 2023.
Mesmo assim, os números fechados tanto do ano quanto do quarto trimestre ainda devem fechar bem piores que os apresentados em 2022.
No caso das receitas, a empresa espera registrar um montante entre US$ 1,14 bilhão e US$ 1,38 bilhão nos últimos três meses do ano. Mesmo com a recuperação em relação ao período anterior, a queda em relação a 2022 deve ficar próxima a 22%, considerando o ponto médio do intervalo da projeção.
Para o acumulado do ano, a projeção da FMC está entre US$ 4,48 bilhões e US$ 4,72 bilhões, com queda parecida à projetada no quarto trimestre.
No Ebitda ajustado, o intervalo projetado para o quarto trimestre está entre US$ 246 milhões e US$ 306 milhões, com queda esperada de 36% no ponto médio. Para o ano, o indicador deve fechar entre US$ 970 milhões e US$ 1,03 bilhão, recuo de 29%.
Essa previsão já havia sido divulgada em um comunicado publicado há uma semana pela companhia, revisando para baixo a estimativa anterior, que falava em um Ebitda anual entre US$ 1,3 bilhão e US$ 1,4 bilhão.
Na ocasião, as ações da empresa chegaram a cair 13% em um dia no pregão da Bolsa de Nova York. Nem isso, no entanto, livrou os papeis de nova desvalorização, de 8%, após a divulgação do balanço.
No lucro por ação, o último trimestre do ano deve apresentar valor entre US$ 0,89 e US$ 1,38, caindo pela metade em relação ao mesmo período do ano passado. Cenário parecido na queda acumulada no ano, já que o lucro deve ficar entre US$ 3,57 e US$ 4,13 por ação.
A FMC afirma que, além da adequação dos custos, vai continuar investindo no desenvolvimento e lançamento de novos produtos, “que estão crescendo e levando a um ganho de participação nos mercados em que atuamos”.