No coração do agronegócio, a inovação sempre foi a força motriz por trás do progresso. Hoje, contudo, essa narrativa ganha uma nova dimensão com o advento da ecoinovação. Ou seja, a busca por soluções que não apenas impulsionem a produtividade, mas também minimizem o impacto no nosso precioso ecossistema.
Não tem mais como falarmos de inovação sem falarmos de impactos ambientais. Já foi o tempo em que inovação era pura e simplesmente para aumentar margem de lucro ou ampliar competividade, sem levar em consideração o meio ambiente.
O conceito de ecoinovação não é novo. Foi definido em 2007 e indica processos, tecnologias ou produtos inovadores, mas que considerem seu ciclo de vida como um todo, na redução do risco ambiental, da poluição e de outros impactos negativos do uso de recursos (incluindo energia) em comparação com outras alternativas.
Diante das rápidas mudanças climáticas e da crescente necessidade de práticas agrícolas sustentáveis, a ecoinovação surge como o caminho a seguir. Trata-se da criação e aprimoramento de ferramentas e técnicas agrícolas com um olhar atento para a sustentabilidade. Um imperativo que não apenas impulsiona o setor, mas o faz de forma responsável.
E o Brasil tem a grande chance de ser o maior do mundo nesse sentido. A matriz energética, os impactos do clima e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável tornam-se parte intrínseca dos novos planos estratégicos de inovação das corporações. Afinal, não podemos mais falar de inovação sem falar de sustentabilidade.
A ecoinovação transcende a mera adoção de tecnologias verdes. Ela representa uma mudança de paradigma, uma abordagem holística que considera o ciclo de vida completo das práticas agrícolas. Desde a seleção de sementes até a gestão de resíduos, cada etapa é meticulosamente planejada para minimizar o impacto ambiental.
Neste novo capítulo da agricultura, a inspiração pode vir da própria natureza. Observando ecossistemas naturais, há soluções surpreendentes. Desde técnicas de cultivo que imitam a biodiversidade até a criação de bioinsumos a partir de resíduos agrícolas. Não é moda, o mercado de biológicos no Brasil já um dos maiores do mundo.
O desafio é grande, mas as oportunidades são ainda maiores. Inovar para o futuro no agronegócio significa antecipar as necessidades de um mundo em constante evolução. Significa olhar além das demandas do presente e abraçar a visão de um setor que não apenas sustenta, mas também regenera o nosso planeta.
Mas como podemos transformar essa visão em realidade? A resposta está na gestão da inovação. Com estruturas sólidas e uma cultura que valoriza a experimentação e a aprendizagem contínua, as empresas agrícolas podem se posicionar na vanguarda da ecoinovação.
A participação em eventos de inovação, a colaboração com startups e institutos de pesquisa, a prospecção tecnológica e a exploração de ICTs são passos concretos na jornada da ecoinovação.
É fundamental, no entanto, que essas ações sejam impulsionadas por uma visão de futuro e uma mentalidade de oportunidade.
O futuro do agronegócio é verde e inovador. É um futuro que não apenas alimenta o mundo, mas também nutre o nosso planeta e respeita a natureza como nossa maior aliada na busca por uma agricultura mais sustentável.
Ao abraçar a ecoinovação, os empreendedores do agronegócio não apenas prosperam nos negócios, mas também deixam um legado duradouro para as gerações futuras.
Tatiana Fiuza é head de Inovação do Cocriagro