O argentino Nicolás Loria, líder comercial digital da Corteva para a América Latina, tem uma visão clara sobre fazer negócios no setor: “Para estar no agro, precisamos estar presentes fisicamente”, afirma.
A multinacional americana da área de proteção de cultivos e sementes adotou esse discurso na prática no seu programa de inovação. Ao invés de monitorar à distância, foi ao encontro das startups do setor e está atuando para criar um ecossistema reunindo agtechs de todo o continente.
O ponto de encontro desse movimento está na parceria da Corteva com o Cubo, hub de inovação do Itaú. Lá a empresa participou, junto com São Martinho, Itaú BBA, CNHi e Suzano, da criação do Cubo Agro, uma vertical para estimular o desenvolvimento de soluções e gerar mais visibilidade a elas em diferentes mercados.
Para Loria, o ambiente de inovação brasileiro é fértil, mas falta conhecimento dos estrangeiros sobre as nossas inovações.
“O Brasil tem escalabilidade e tem capital. Para entender o Brasil, temos que estar aqui”, disse, em entrevista ao podcast Rural Ventures, apresentado por Fernando Rodrigues, CEO da Rural Ventures, e Kieran Gartlan, sócio e responsável pela operação no Brasil da Yield Lab, gestora americana especializada em fundos para investimento em agtechs e foodtechs.
“Essa percepção que muitas vezes existe fora do Brasil, de uma caixa preta sobre o que acontece no agro, pode ser mudada com players argentinos dentro do Cubo misturados com startups brasileiras e de outros países. Isso ajuda a vasculhar essa caixa preta”, afirma Fernanda Matoso, líder de Inovação da Corteva.
No Cubo, ela atua organizando esse movimento de fomento das agtechs brasileiras e também algumas de fora, conectando empresas, clientes, cooperativas e fornecedores.
A empresa também utiliza a proximidade com as startups para avaliar inovações podem ser aplicadas em suas operações ou mesmo ser alvo de um investimento por parte da Corteva. “Temos um cardápio de empresas que avaliamos e levamos para o corporate”, afirma Loria.
“Nesse processo avaliamos todo o negócio e vemos para onde vamos levá-la. E aí começa o jogo de avaliações de um ‘corporate investment’, que também temos dentro de casa”, completa.
Para captar esses novos negócios, a empresa conta com os chamados “champions”, que são profissionais que identificam as startups e os testes de produtos.
“Do mesmo jeito que um fundo de Venture Capital analisa o negócio, nós fazemos isso também. A grande diferença é a execução, não podemos ficar só na ideia no Powerpoint”, afirma o diretor.
Até agora, a Corteva já levou para a frente mais de 60 projetos que foram trazidos por esses profissionais. No processo de identificação das soluções, a empresa às vezes percebe que uma solução brasileira se encaixa melhor em outra região do continente.
Quando isso acontece, a Corteva auxilia as startups para que se adequem até mesmo no idioma, para chegar com mais efetividade no mercado que, acreditam, tem um “fit” maior.
A Corteva tem participação expressiva no mercado latino. Segundo estimativas do próprio Loria, a estrutura Latam corresponde a 25% do negócio global da companhia. A diferença é que a perspectiva de crescimento aqui é maior do que nas demais regiões.