O mercado de máquinas agrícolas costuma ser um termômetro do humor econômico do agronegócio. E, a julgar pelos dados do ano, até aqui, o setor não tem muitos motivos para sorrir.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) que representa, além dos fabricantes de automóveis e caminhões, também diversas indústrias de máquinas agrícolas, atribuiu aos preços das commodities e aos problemas na Argentina os números negativos que o setor acumula ao longo de 2023.
Os dados apresentados hoje mostram uma queda de 13,4% nas vendas de máquinas agrícolas em maio, na comparação com o mesmo mês de 2022. Em relação a abril deste ano também houve recuo, de 3,6%.
No acumulado de janeiro a maio, as vendas de tratores e colheitadeiras caíram 7,2%, já que foram comercializadas 23.803 unidades, ante 25.660 no mesmo período do ano passado.
O percentual de queda está bem mais acentuado que a projeção feita pela Anfavea para 2023, que é de 3,5%.
São números baseados em dados de outras duas entidades relacionadas ao setor, a Fenabrave e a Abimaq, por isso tem um mês de atraso em relação aos dados de veículos em geral, que são de junho.
Em uma live da Anfavea com jornalistas, que contou com a participação na primeira parte do vice-presidente da República Geraldo Alckmin, os dados do setor de máquinas agrícolas foram apresentados pelo diretor Alexandre Bernardes, que é do grupo CNH, das marcas Case e New Holland.
Ele preferiu, no entanto, olhar para a frente - e, com isso, o humor ficou um pouco mais positivo.
"Ficamos muito animados com o Plano Safra, que agora são dois planos, e o fato de termos os recursos já definidos, isso é importante porque dá previsibilidade ao nosso agricultor e também para as indústrias", afirmou Bernardes.
O diretor da Anfavea mencionou como pontos favoráveis as linhas de carência de três anos para médios produtores rurais, o crédito em dólar que foi concedido pelo BNDES e o Mais Alimentos “turbinado”, programa que financia tratores para a agricultora familiar.
Sobre a queda nas vendas, o executivo fez um comentário rápido mencionando o recuo nos preços das principais commodities como soja e milho, mas ressaltando que o cenário "ainda pode mudar devido aos problemas climáticos nos Estados Unidos".
Nas exportações de máquinas agrícolas os dados também são negativos. Houve queda de 28,5% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Nos quatro primeiros meses do ano o recuo foi menor, de 2,2%. Segundo Bernardes, as exportações de máquinas agrícolas são diretamente afetadas pelos problemas na agricultura da Argentina, principal mercado dos produtos brasileiros.