A coluna Educar e Semear não é um espaço individual. Costumeiramente, trarei para este espaço a contribuição de profissionais cuja experiência e conhecimento podem enriquecer as discussões sobre a formação dos recursos humanos do agronegócio.
Nesta edição, o convidado é Fábio Guerra, Head de Vendas Brasil e Paraguai da Syngenta Seeds, engenheiro agrônomo e professor associado da Cumbre. Seu artigo aponta um ponto nem sempre discutido com a devida importância no setor: a formação de equipes de alta performance. Acompanhe a seguir:
Equipes de Alta Performance: a melhor estratégia organizacional
Imagine-se como gestor de uma equipe, inserido em um ambiente cada vez mais competitivo. Novas tecnologias, novos competidores, pressão por preços, custos e qualidade. Nesse cenário, anualmente você precisa superar suas metas, trazer crescimento com maior rentabilidade, entregar resultados com consistência.
Pois bem, o cenário descrito acima é hoje, o ambiente que muitos gestores de negócios enfrentam diariamente. Quando pensamos nesse ambiente com um olhar mais específico para o agronegócio, vemos hoje um cenário onde diferenciar-se pelo melhor produto é cada vez mais desafiador.
O acesso às novas biotecnologias, tecnologias de produção e desenvolvimento de produtos é algo cada vez mais comum e acessível entre as principais empresas do setor, o que torna a diferenciação exclusivamente através do melhor produto algo além de difícil, muito pouco provável.
Dessa forma, outros fatores passam a assumir papel fundamental para garantir o crescimento sustentável nas organizações, como, estratégia comercial, estratégica de acesso ao mercado, proposta de valor, entre outros.
Mas se tivermos que escolher um fator principal que sempre foi e continuará sendo fundamental para garantir o sucesso e crescimento nas organizações, seguramente esse fator trata-se das pessoas, das equipes que compõe essas organizações.
A formação de equipes e transformação dessas equipes em equipes de alta performance faz parte dos fundamentos das empresas de sucesso. A base do sucesso dessas organizações tem como ponto central e comum, times de alta performance.
Nenhuma estratégia de negócios será bem sucedida, por melhor que ela possa ser, sem um time de alta performance para implementá-la.
Porém, construir equipes de alta performance e manter essas equipes funcionais é, talvez, o maior desafio que a grande maioria das empresas enfrenta.
A formação de equipes de alta performance
Não existe um passo a passo, uma receita para construir times de alta performance. Talvez seja esse o motivo desse tema ser tão desafiador para as empresas. Existem, porém, etapas cruciais que, uma vez estabelecidas e bem executadas, poderão levar ao atingimento desse objetivo.
Abaixo vamos destacar algumas etapas que certamente, se muito bem executadas, servirão para o atingimento desse propósito.
1. Processo de seleção de pessoas:
Uma boa parcela dos profissionais que são gestores nas organizações não são devidamente capacitados para executar um bom processo de seleção de pessoas. Além disso, selecionar pessoas é uma habilidade que se desenvolve ao longo do tempo, com muita prática, incluindo erros e acertos que todos cometemos ao longo de nossas carreiras. Falo isso com conhecimento de causa!
Além desses fatores é também muito comum a ausência da definição clara das competências e habilidades que se espera do profissional a ser contratado, o que torna o processo de trazer a pessoa certa para a posição certa ainda mais difícil.
O processo de seleção de pessoas é literalmente o primeiro passo para garantir que todas as demais etapas sejam possíveis. Por esse motivo, invista tempo com qualidade para definir o perfil de profissional para cada posição.
Convide colegas, de outras áreas inclusive, para apoiar nesse processo. É natural que condução dos processos de seleção seja realizado pelas equipes de aquisição de talentos de RH.
Porém, o olhar dos gestores de diferentes áreas da empresa irá apoiar e garantir que as pessoas contratadas sejam as pessoas certas, com as competências, habilidades e comportamentos desejados, mas também que sejam compatíveis com a cultura dessa organização.
2. Invista no desenvolvimento e capacitação das pessoas
Habilidades e competências específicas, comumente chamadas de soft skills, são treináveis. Uma vez que as competências, habilidades e comportamentos esperados para cada posição são bem estabelecidos, é importante investir na capacitação e desenvolvimento das pessoas.
Profissionais bem treinados e capacitados, além de entregar bons resultados, mantêm-se engajados e sentem-se valorizados pela organização.
Isso também vai reverberar para o mercado, criando uma cultura organizacional que apoia não apenas o engajamento e retenção das pessoas, como atrai novos talentos do mercado.
3. Tenha objetivos claros, desafiadores e bem comunicados
Para atingir alta performance é necessário saber o que significa alta performance para a organização. Quais são os fatores que levarão cada profissional a ser avaliado e reconhecido com um profissional de alta performance? Quais são os elementos no “O que” e no “Como”?
Esses elementos precisam ser muito claros e bem comunicados. Não podem existir dúvidas sobre os critérios de avaliação das pessoas. Outro fator crucial para extrair alta performance de times altamente qualificados: metas desafiadoras!
Metas desafiadoras, mas, atingíveis, inspiram os profissionais de alta performance a entregar seu melhor para superá-las. Profissionais de alta performance tem satisfação em superar suas metas! São movidos por isso!
Uma coisa é ser um profissional individual de alta performance, outra coisa muito diferente é ter profissionais de alta performance e que compõem equipes de alta performance.
4. Proporcione reconhecimento pelas entregas
Profissionais e equipes de alta performance realmente são motivados por metas e grandes desafios, porém precisam ser reconhecidos e devidamente recompensados pelas suas entregas.
O reconhecimento pode e dever ser feito de diferentes formas. Premiação financeira, viagens, um simples reconhecimento na reunião de time, tudo isso compõe estratégias efetivas de reconhecimento.
Porém, um fator muito importante e que determina o comportamento das pessoas e principalmente de equipes que jogam em alta performance juntas tem a ver com “O QUE” as empresas querem reconhecer e recompensar para suas pessoas.
Muito além das entregas financeiras, comportamentos precisam ser reconhecidos e valorizados, principalmente quando falamos de TIMES. O comportamento valorizado e reconhecido é que irá determinar se as equipes conseguirão entregar, de forma consistente e funcional, a alta performance para a organização.
Uma coisa é ser um profissional individual de alta performance, outra coisa muito diferente é ter profissionais de alta performance e que compõem equipes de alta performance. Que entregam como time, resultados excepcionais. E é muito importante destacar: equipes de alta performance tem líderes de alta performance!
5. Não existe equipes de alta performance sem líderes de alta performance
Para toda equipe de alta performance, existe um grande líder. Um gestor habilidoso que sabe extrair o melhor de cada colaborador de sua equipe. Aquele líder que sabe utilizar da diversidade para construir um time complementar, que complementa, inclusive, seus pontos de desenvolvimento.
Um líder capaz de executar com excelência as quatro etapas anteriormente citadas e que tem como objetivo central, desenvolver suas pessoas e proporcionar os recursos e o apoio necessários para que suas entregas sejam, excepcionais.
Para os gestores que buscam excelência, a Cumbre acabou de lançar uma formação para líderes e gestores do agronegócio com C-levels do setor.
Resumindo o que foi dito, a chave para o sucesso e crescimento das organizações está nas equipes de alta performance. Construí-las envolve um processo de seleção criterioso, desenvolvimento contínuo, objetivos claros e desafiadores, reconhecimento efetivo e líderes habilidosos.
Investir nessas etapas é fundamental para superar os obstáculos e alcançar resultados excepcionais. Com equipes alinhadas, motivadas e com habilidades complementares, a organização pode enfrentar as demandas do mercado, adaptar-se às mudanças, inovar e entregar consistentemente alto desempenho.
O sucesso no agronegócio depende, em última instância, da qualidade das equipes que o impulsionam. Portanto, é imprescindível priorizar o desenvolvimento dessas equipes, fornecendo-lhes os recursos, treinamentos e suporte necessários para que possam alcançar a excelência.
Ao fazer isso, as organizações estarão bem-posicionadas para se destacarem e prosperarem em um cenário competitivo cada vez mais desafiador.
Felipe Treitinger é engenheiro agrônomo , CEO e Fundador da Cumbre, empresa de treinamentos e capacitações para profissionais do agronegócio.