O mercado de fertilizantes dá sinais de voltar a normalidade, com aumento de 6,7% nas entregas feitas em fevereiro no Brasil, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), mas registra queda na produção e na importação.

O volume total das entregas foi de 2,67 milhões de toneladas, acima das 2,5 milhões de toneladas do mesmo período do ano passado.

Em comunicado, a Anda afirmou que "reitera o empenho do setor para garantir o insumo ao agro, embora se mantenham crises geopolíticas e o cenário desafiador para a realização das logísticas de abastecimento".

O setor de fertilizantes enfrentou dificuldades em 2022 quando a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe preocupações quanto ao fornecimento de matéria-prima para os fertilizantes, além de alta expressiva nos preços.

Neste cenário, a maioria das empresas importou mais no primeiro semestre, com medo de falta produto, mas no fim do ano elas enfrentaram estoques elevados e falta de demanda.

Isso porque em diversas culturas o produtor brasileiro optou por reduzir o uso de fertilizantes, aproveitando a chamada “reserva do solo” de longos períodos de aplicação em níveis elevados.

Este ano a expectativa é de uma retomada dos níveis de entrega vistos em 2021, com um volume estimado entre 43 e 45 milhões de toneladas. No ano passado, em meio a crise, as entregas caíram para 41 milhões de toneladas.

Em conversa recente com o AgFeed, o diretor de uma entidade do setor afirmou que as perspectivas são boas e que as empresas "estão prontas para investir”. O executivo se refere ao Plano Nacional de Fertilizantes, que está para ser anunciado a qualquer momento pelo governo federal.

O plano prevê incentivos ao aumento da produção nacional para que o Brasil reduza a dependência de matéria-prima importada no setor de fertilizantes.

Apesar do entusiasmo, os números do primeiro bimestre em produção foram negativos. Em fevereiro de 2023 foram produzidas 548 mil toneladas, queda de 6,3% ante o mesmo mês de 2022.

No acumulado do primeiro bimestre, foram 1,11 milhão de toneladas, o que representa uma redução de 7,8% em relação a igual período do ano passado, quando foram produzidas 1,2 milhão de toneladas.

Os números de importação sinalizam que o começo deste ano foi realmente o momento de vender os altos estoques acumulados no ano passado. As importações de fertilizantes intermediários, informou a ANDA com base em dados do Siacesp, alcançaram em fevereiro 2,6 milhões de toneladas, com redução de 13,2% em relação ao mesmo mês do ano passado.

No primeiro bimestre, o total foi de 5,13 milhões de toneladas, redução de 18,2% em relação ao mesmo período de 2022.

No porto de Paranaguá, principal porta de entrada dos fertilizantes, ingressaram 1,42 milhão de toneladas, o que representa uma redução de 32% em relação a 2022.