O início da safra de balanços de grandes multinacionais do agronegócio referente ao primeiro trimestre de 2024 mostra que o cenário continua desafiador, como foi visto no final de 2023.
A suíça Syngenta é mais uma a confirmar esse cenário. Mas a diferença está no papel do Brasil e da América Latina dentro dos números globais apresentados nesta segunda-feira, dia 29, pela companhia.
No geral, as vendas do Grupo Syngenta caíram 20% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023, saindo de US$ 9,2 bilhões para US$ 7,4 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve um recuo ainda mais acentuado, de 34%, saindo de quase US$ 2 bilhões no começo de 2023 para US$ 1,2 bilhão nos três primeiros meses de 2024.
A multinacional informou ainda que o foco durante o período foi em melhorar a eficiência operacional, já que a margem Ebitda recuou 3,5 pontos percentuais em um ano, de 20,2% para 16,7%.
“As vendas no primeiro trimestre de 2024 continuaram a sofrer os impactos da diminuição dos níveis de estoques pela cadeia de defensivos agrícolas, como distribuidores e varejistas respondendo à necessidade de diminuir seu capital de giro em um ambiente global de juros mais altos”, diz a Syngenta em comentário sobre os números.
Ao detalhar as vendas por unidade de negócios, é possível confirmar que a área de defensivos foi a mais problemática, com queda de 24%, com US$ 3,2 bilhões, cerca de 40% do total.
Em relação às regiões, a América Latina teve o melhor desempenho, com queda de apenas 1% no primeiro trimestre deste ano. Na América do Norte, por exemplo, a multinacional sofreu com um recuo de 44% nas vendas. O único desempenho positivo veio da China, com 14% a mais que em 2023.
Na área de sementes, as vendas caíram 8%, para US$ 1,4 bilhão. Nesse segmento, a companhia cita mais especificamente o Brasil, onde houve aumento de 2% nas vendas em relação ao primeiro trimestre de 2023.
Como em defensivos, o desempenho do país só ficou abaixo do registrado pela Syngenta na China, onde o avanço nas vendas foi de 25%. Na região que inclui Ásia, Oriente Médio e África, a venda de sementes pela Syngenta despencou mais de 50%.
No comentário sobre os números em sementes, a Syngenta ressalta o anúncio da estratégia de aceleração do modelo de franquias, “criando uma presença mais direta e direcionada para as demandas dos produtores rurais”.
Na Adama, unidade focada na fabricação de ingredientes ativos para insumos agrícolas, o recuo nas vendas foi de 16% no primeiro trimestre deste ano, para US$ 1,1 bilhão. Neste caso, a América Latina teve a maior contribuição negativa, com queda de 18%. Até mesmo na China as vendas da Adama recuaram 16%.
A Syngenta tem ainda uma empresa de distribuição de insumos agrícolas na China. No Grupo Syngenta China, houve uma queda de 18% nas vendas do primeiro trimestre de 2024, para US$ 2,7 bilhões.
Segundo a companhia, houve um aumento significativo nas vendas de diversos produtos, mas esse maior volume não foi suficiente para compensar a queda nos preços. O destaque positivo no país asiático ficou para a venda de sementes, com alta de 25%. No entanto, a comercialização de grãos recuou 55%.