“Nosso papel é garantir que quem tem energia continue tendo. E quem não tem, receba com confiabilidade”. Foi com essa frase que Abraham Curi, fundador da Tecnogera, definiu a empresa.
Fundado em 2006, o negócio focado em soluções de energia hoje é uma gigante do segmento e, em 2024, faturou R$ 538 milhões, uma alta de 74% em um ano. O número foi ancorado em uma captação de R$ 130 milhões em debêntures feita no início do ano passado.
Para seguir crescendo, a empresa, tradicional nos segmentos de varejo, Oil&Gás e mineração, quer ganhar mais terreno no agronegócio. A Tecnogera já atua no setor, e atende gigantes como SLC Agrícola, Danone, Raízen, ADM e Cargill, mas o agro hoje é responsável apenas por uma fatia entre 5% e 10% do faturamento.
“É o setor que vemos maior potencial de crescimento nos próximos anos. Ele ainda é menor no faturamento, mas é o que mais cresce nos últimos anos”, disse Curi. Em sua visão, a representatividade pode dobrar de tamanho no curto prazo, chegando a 20% da receita total da Tecnogera.
“O agro tem uma dependência muito grande da energia térmica e uma enorme dificuldade de distribuição até os pontos críticos, como os pivôs de irrigação”, acrescentou.
A Tecnogera nasceu como uma fornecedora de segurança energética. Basicamente, distribuindo e alugando geradores, movidos a combustíveis fósseis como diesel, que atende esses setores onde a interrupção de energia não pode ser uma variável.
Por 18 anos, Curi conta que o foco do negócio foi esse: “prover soluções para quem está conectado ao sistema nacional convencional mas não pode, em hipótese alguma, ficar sem um stand-by”. Foi aí que a empresa fez seu nome. O fundador afirma que, hoje, todas as operações offshore da Petrobras contam com geradores da Tecnogera.
Nos últimos anos, no entanto, a empresa entrou em uma nova fase, acompanhando as discussões de transição energética que perpassam todos os setores da economia.
Primeiro, trocou a fonte de energia de seus geradores para motores de caminhão, o que, segundo o fundador, reduziu o consumo de diesel em até 25% dos geradores em alguns casos.
Depois, criou uma divisão voltada à eletrificação de equipamentos. O primeiro segmento escolhido foi o de plataformas elevatórias, setor que tem a Mills como principal empresa do ramo.
Essa nova vertente do negócio possui, segundo Abraham Curi, “um link muito forte com o agronegócio”, levando em conta a agenda de redução de emissões que é forte no setor.
“Com a nova divisão, ganhamos um know-how de baterias de lítio. Com isso, nossa ideia é também eletrificar outras frotas, como tratores, principalmente os de linha amarela”, acrescentou o executivo.
Para além disso, a ideia é reutilizar as baterias em uma “segunda vida útil”, eletrificando também seus geradores hoje movidos a combustíveis fósseis. Segundo Curi, as baterias não perdem capacidade de armazenar energia, apenas reduzem a potência de entrega, o que ainda as torna viáveis como suporte energético.
“Temos hoje uma solução em que entregamos nosso equipamento a diesel conectado com fontes solares, suportado por armazenamento de energia baseado em baterias”, disse.
No agro, a ideia é atuar com essas soluções para resolver problemas energéticos envolvendo pivôs de irrigação, unidades de armazenamento e secagem de grãos, estruturas de beneficiamento na fazenda e ambientes com controle térmico, como aviários e instalações de laticínios.
Segundo ele, a próxima missão é aplicar essa tecnologia em tratores para o agro, bem como em outras máquinas.
Resumo
- Tecnogera faturou R$ 538 milhões em 2024, alta de 74% impulsionada por emissão de R$ 130 milhões em debêntures
- Agro já representa até 10% da receita, com clientes como SLC, ADM e Cargill. Foco é crescer no setor com soluções híbridas e eletrificação
- Empresa reutiliza baterias de lítio em geradores e mira eletrificação de tratores e outras máquinas agrícolas