Fibras de celulose já são uma realidade no setor têxtil. Mas, para a Suzano, maior produtora de celulose do mundo, podem ser representar um futuro mais diversificado em segmentos de negócios – e com grande potencial de crescimento.
Prova disso é o investimento que a companhia abrasileira acaba de anunciar, através de um comunicado publicado na manhã desta quarta-feira, 12 de junho. Segundo fato relevante, a Suzano concordou em pagar 229,9 milhões de euros (o equivalente a R$ 1,3 bilhão) por uma participação na austríaca Lenzing, uma das maiores fabricantes de viscose do mundo.
Controlada pela fundação B&C, a Lenzing é uma das pioneiras na produção de tecidos a partir de celulose solúvel e possui faturamento de 2,52 bilhões de euros (cerca de R$ 14 bilhões). A empresa tem nove fábricas ao redor do mundo.
No Brasil, em sociedade com a Dexco, mantém a LD Celulose, que produz celulose solúvel no município de Indianópolis, no Triângulo Mineiro.
Listada na Bolsa de Valores de Viena, a empresa tinha 52,5% de seu capital nas mãos da fundação, de quem a Suzano adquiriu a participação – o restante é negociado em pregão. A negociação concede à companhia brasileira o direito de adquirir outros 15% e, assim, tornar-se a maior acionista individual da Lenzing.
O movimento consolida a entrada da Suzano em uma vertical em que a empresa vem demonstrando interesse já há alguns anos. A companhia investiu 50 milhões de euros em uma joint venture com a startup finlandesa Spinnova, para a produção de celulose microfibrilada, diferente da fabricada pela Lenzing, mas também voltada para a indústria de tecidos.
O grupo austríaco também é investidor da Spinnova, que possui uma fábrica em Jyväskylä, distante 270 km de Helsinque, na Finlândia.
A ideia é oferecer uma alternativa “verde” às fibras sintéticas, à base de polímeros, hoje dominantes em um mercado global que consome 120 milhões de toneladas ao ano.
“A Suzano sempre acreditou nessa vertical, mas ainda não tinha presença. E avalia que, da mesma forma que a competitividade que tem na fibra [de eucalipto] é transferida para papéis de imprimir, tissue e papel cartão, isso pode ser feito na vertical têxtil”, afirmou o diretor de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da companhia, Marcelo Bacci, ao jornal Valor Econômico.