Se por um lado as empresas de fertilizantes tiveram um segundo trimestre para esquecer, impactadas por um mercado mais lento, as tradings, que ganham dinheiro processando, comercializando e despachando colheitas ao redor do mundo, tiveram três meses um pouco melhores.

Das gigantes do segmento no mundo, as duas primeiras do grupo conhecido como ABCD (acrônimo para ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus Company) divulgaram seus balanços relativos ao segundo trimestre de 2023 nas últimas semanas.

A ADM anotou um lucro líquido de US$ 927 milhões no período, um recuo de 25,24% ante os US$ 1,24 bilhão vistos no segundo trimestre do ano anterior. Já a Bunge viu seu lucro líquido avançar 201% no mesmo comparativo, chegando aos US$ 622 milhões no trimestre encerrado em junho.

Os resultados vieram acima do que o mercado projetava e a grande impulsionadora dos dois balanços foi a soja brasileira.

Nas projeções do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção de soja no Brasil deve crescer 20% este ano, para algo em torno de 156 milhões de toneladas. Em 2022, a produção ficou na casa das 120 milhões de toneladas.

“Nossos investimentos estratégicos anteriores em instalações portuárias no Brasil, rede de originação otimizada e uma conexão com nossas equipes globais de comércio nos permitirão exportar grandes volumes, capitalizando as safras recordes brasileiras de soja e milho”, disse, em teleconferência com analistas, o CEO da ADM, Juan Luciano.

No balanço, o próprio CEO citou que o resultado desse segundo trimestre foi positivo por conta da diversidade do portfólio de negócios da companhia, e citou que “a divisão de Serviços Agrícolas e Oleaginosas aproveitou os recentes investimentos em infraestrutura e operações para alcançar volumes recordes no Brasil, enquanto a divisão de Carboidratos obteve excelentes resultados em amidos e adoçantes globais”.

O segmento teve um lucro bruto de US$ 1 bilhão na ADM. Com essa perspectiva positiva de diversidade e resultados no Brasil, a empresa disse que elevou suas projeções de lucro para o ano completo, mas não entrou em detalhes do guidance.

Na teleconferência para mostrar os resultados para analistas, o diretor financeiro da ADM, Vikram Luthar, projetou que a forte demanda por exportações de grãos seja fortemente voltada para a América do Sul, especialmente Brasil.

Já a Bunge, que trabalha para fechar o acordo de fusão com a Viterra, disse no balanço que o lucro ajustado do segundo trimestre no Agribusiness, seu maior segmento em termos de vendas e volumes, saltou 75% de um ano para cá.

Somado a isso, informou que a safra recorde de soja brasileira está impulsionando suas operações de processamento.

O lucro operacional dessa atividade bateu US$ 586 milhões, bem acima dos US$ 11 milhões vistos no ano anterior.