A SLC é uma gigante do agronegócio brasileiro. Empresa que produz soja, milho, algodão e outras commodities em fazendas espalhadas por todo o País. Por isso, como qualquer produtor rural, não deixa de sofrer com o clima. Mas pelo seu tamanho e por ter capital aberto, a visibilidade dos desafios acaba sendo maior.
Desde o último dia 4 de dezembro, quando divulgou um fato relevante com a revisão de suas projeções operacionais, com diminuição da área de soja e milho e aumento para algodão 1ª safra, a ação ordinária da SLC começou uma trajetória de queda, chegando a acumular 2,5% de baixa até a última quinta-feira, dia 14.
Nesta sexta-feira, 15, o papel apresentou uma recuperação, subindo 0,80%. Há dois dias, a empresa anunciou um desdobramento de suas ações, transformando uma ação em duas. Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos, lembra que o desdobramento, geralmente, tem efeito positivo sobre a ação, pois a baixa no preço unitário facilita as negociações.
No entanto, os analistas ainda se mostram preocupados com as perspectivas de médio prazo para a SLC, depois dessa revisão de guidance.
No dia seguinte à divulgação, o Bank of America projetou uma queda de 7% no Ebitda (métrica do lucro operacional) em 2024, caso as novas projeções da SLC se cumpram.
“Nós mantemos a recomendação Underperfom (venda) para a ação, pois acreditamos que os lucros vão entrar em uma trajetória de normalização após os recordes apresentados em 2022 e 2023, já que os desafios climáticos vão impactar negativamente a performance operacional no próximo ano”, escreve a analista Isabella Simonato, do BofA.
No comunicado, a SLC lembra que o Cerrado brasileiro, onde estão localizadas algumas das maiores fazendas da companhia, vem sofrendo com chuvas abaixo da média histórica.
“Essas condições climáticas foram inadequadas para o desenvolvimento da soja, principalmente no Oeste do Mato Grosso, região mais afetada pela seca”, diz a companhia no documento.
“Essa quebra de produtividade da SLC na soja não vai mexer no preço do grão, já que ainda com todos os problemas, a produção será grande. Vai mexer só no resultado da empresa mesmo, e o mercado digeriu como algo negativo somente para a SLC”, explica Alencar, da XP.
Para o analista, por ter um perfil mais conservador, a SLC já projetou um cenário que ficará muito próximo da realidade. “Não acho que vão voltar a revisar para pior essas projeções. Estão muito seguros do estágio em que se encontram”.
Segundo Alencar, de modo geral, a SLC é bem vista pelo mercado. “É uma empresa que produz de tudo. Grãos, algodão, sementes, pecuária, bioinsumos. É muita coisa. Mas teve gente que até criticou, dizendo que esse cenário mais difícil veio para mostrar que não é possível fazer tudo”.
Ele afirma que esta crítica acontece principalmente quando é feita uma comparação com outra empresa de perfil parecido, a BrasilAgro. Isso aparece no desempenho das ações. Na linha oposta à SLC, BrasilAgro ON acumula alta de 5% desde o dia 4.
Para João Abdouni, analista da Levante Corp, as chuvas abaixo da média e as ondas de calor acabam elevando as preocupações com os custos de produção de soja. “Em contrapartida, esse cenário de safra menor tem sido parcialmente compensado com a elevação de preços no mercado internacional”, afirma.
Em Chicago, a cotação dos contratos de soja com vencimento em janeiro subiu levemente neste período, saindo de US$ 13,06 no dia do fato relevante da SLC, para US$ 13,16 por bushel, nesta sexta-feira.