A Pyka, primeira empresa a produzir aviões agrícolas e de carga elétricos e autônomos - ou seja, que não necessitam de um piloto na aeronave -, anunciou nesta quarta-feira, 10 de julho, que fechou um acordo comercial com a SLC Agrícola para entrega de aeronaves para a gigante do agro nacional.

Como mostrou com exclusividade o AgFeed em agosto do ano passado, a Pyka estava preparando terreno para entrar comercialmente no Brasil.

Em comunicado divulgado nesta quarta (10), a fabricante de aeronaves afirmou que esse acordo marca a entrada da empresa “em um dos maiores mercados agrícolas do mundo”.

“Isso nos ajuda a preparar o cenário para a expansão das operações do Pelican Spray para as principais culturas em linha, incluindo soja, milho e algodão”.

No ano passado, Volker Fabian, diretor comercial da empresa de aeronaves, revelou que a empresa estava rodando o País desde maio passado conversando com produtores e mostrando as oportunidades do avião Pelican Spray, uma aeronave de 6 metros de comprimento, 11 metros de envergadura e 300 kg de capacidade, que não precisa de pilotos.

De acordo com o comunicado, o avião será introduzido dentro da frota da SLC e será testado para, além de aumentar a eficiência operacional da empresa, reduzir o uso de químicos e reduzir as emissões de carbono da empresa agrícola.

O número de aeronaves incluídas no contrato entre as duas empresas não foi revelado.

"Buscamos no mercado uma solução autônoma para aplicação aérea que satisfaça os requisitos da nossa operação, e o produto da Pyka se mostrou ideal. A combinação de carga útil e precisão de pulverização tem o potencial de reduzir nossos custos operacionais para aplicação aérea”, afirmou Ronei Sana, gerente de agricultura digital da SLC Agrícola, em nota.

O Pelican Spray se insere no meio do caminho entre as aeronaves agrícolas tradicionais - que podem transportar até 3 mil kg de defensivos agrícolas - e os drones - com capacidade máxima de 150 kg.

Nos cálculos de Volker Fabian, dois ou três aviões Pelican Spray podem substituir um avião tradicional. Ele destaca que a empresa planeja também lançar aviões maiores no futuro.

"Estamos orgulhosos de receber a SLC Agrícola na família de clientes da Pyka. Uma empresa líder de mercado no Brasil e uma parceira ideal para aproveitar os recursos do nosso avião", disse Fabian, em nota.

Atualmente, a Pyka tem ganhado mercado na América Central, na Costa Rica e em Honduras, onde atua principalmente com produtores de bananas.

Em agosto do ano passado, Fabian havia adiantado que a cultura que pode ser a primeira a receber aviões da Pyka para a pulverização é a do algodão, algo bem representativo no mix da SLC Agrícola. As lavouras da fibra precisam receber pulverização de 3 a 5 meses no ano, nos cálculos do executivo.

No modelo de negócio, a empresa atua com o aluguel das aeronaves e não a venda. O preço para usar o aparelho é variável e vai depender da quantidade de uso. Na cultura da banana na América Central, que precisa de muita pulverização, o executivo calcula que o aluguel fica em torno de US$ 20 mil por mês aos produtores.

A startup captou US$ 37 milhões em uma rodada de investimentos do tipo Série A em 2022. Antes havia captado US$ 11 milhões em 2019.

A rodada mais recente foi liderada pela Piva Capital, uma empresa de capital de risco de São Francisco, nos EUA, que investe em empresas que oferecem soluções tecnológicas para vários setores. Além dela, também participou a Prelude Ventures, que apoia teses que estão envolvidas com questões climáticas.

No ano passado, Volker Fabian ressaltou que, se o plano de expansão no Brasil fosse acelerado, entre este ano e o próximo um novo aporte poderia acontecer.