A indústria de saúde animal vai tentando se adaptar aos novos tempos, em que o Brasil se autodeclarou livre de febre aftosa sem vacinação e as empresas não podem mais contar com a venda das vacinas.

Uma das maiores empresas do setor, a Ourofino Saúde Animal, divulgou hoje os números do segundo trimestre do ano, que mostram impactos do fim da vacinação no País.

Com a baixa comercialização de vacinas, a receita líquida da companhia alcançou R$ 217,2 milhões, montante 6,3% menor que o registrado um ano antes. Entretanto, excluindo os efeitos do fim da vacinação, o que a empresa chama no balanço de “critério ex aftosa”, tanto o lucro bruto quanto a receita subiram 16,2% e 7,3%, respectivamente.

Apesar dos desafios desse novo cenário, a demonstração de resultados da Ourofino mostra que o lucro líquido ajustado quase dobrou em um ano, alcançando R$ 15,3 milhões no segundo trimestre.

Segundo a empresa, o salto de 97,8% do lucro líquido em relação ao mesmo período de 2023 é reflexo da “retomada do crescimento de receitas nos produtos de linha, redução de despesas e do ganho de rentabilidade refletido no lucro bruto”.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou 5,4% em relação ao ano anterior, para R$ 32,8 milhões. Mas a margem Ebitda ajustada teve ligeira alta de 0,1 ponto percentual, para 15,1%.

Por segmentos, a receita de animais de produção recuou 8,7%, alcançando R$ 153,9 milhões entre abril e junho, impactada pela redução na venda de vacinas.

No primeiro semestre de 2023, a Ourofino faturou R$ 30 milhões com a comercialização, enquanto nos primeiros seis meses deste ano, a receita despencou para R$ 7,8 milhões. Diante disso, excluindo os efeitos da vacina, a unidade de negócio viu a receita crescer 10,7%.

Já o negócio animais de companhia teve receita líquida de R$ 35,8 milhões no segundo trimestre, montante 16,3% acima do visto no ano anterior.

“A continuidade do crescimento é resultado da intensificação das ações de demanda para aumento do sell-out, ao reposicionamento de preço de linhas específicas e a receita incremental do produto Enziclim”, disse a companhia em seu balanço financeiro.

Por outro lado, as operações internacionais da Ourofino exibiram queda na receita líquida, de 15,4% na base anual, para R$ 27,5 milhões. A empresa de saúde animal justificou que, nas subsidiárias, houve crescimento de 4,8% na Colômbia, porém, o desempenho foi abaixo do planejado para o México, que teve perdas reduzidas por um impacto cambial positivo.

Ao fim de junho, a Ourofino gerou caixa operacional de R$ 100 milhões, enquanto viu a sua dívida líquida cair 47,3% ante junho de 2023, para R$ 67,5 milhões. Com isso, a alavancagem financeira (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) ficou em 0,4 vez, abaixo do registrado um ano antes, de 0,9 vez.