Na equação da Rumo, aumento de frete e maior volume de cargas transportadas é igual a quase R$ 14 bilhões em receita líquida.

A companhia divulgou seu balanço referente ao quarto trimestre e ao ano fechado de 2024, e apresentou números em alta frente a 2023. A companhia encerrou 2024 com uma receita líquida de R$ 13,9 bilhões, um crescimento de 27,4% em relação ao ano anterior. Na mesma comparação, o lucro líquido ajustado mais que dobrou, atingindo R$ 2,1 bilhões no ano.

A empresa informou que transportou ao longo do ano 79,8 bilhões de TKUs (toneladas por quilômetro útil), um leve avanço de 3,2% na comparação com 2023. No balanço, a empresa apontou que o desempenho foi impulsionado pelo crescimento da operação na Malha Norte, com destaque para a exportação de grãos, fertilizantes e celulose.

Na Malha Norte, foram movimentados 63,6 bilhões de TKUs em 2024, alta de 4,9% em um ano. Desse total, 55,6 bilhões foram produtos agrícolas, principalmente soja e farelo de soja. A operação registrou uma receita líquida de R$ 11 bilhões, crescimento de 33% em relação a 2023.

Já a operação nos estados do Sul transportou 12,1 bilhões de TKUs, uma retração de 5,6% no ano. A queda está relacionada a eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul, que afetaram a infraestrutura da Malha Sul. A receita líquida na região foi de R$ 2,1 bilhões, avanço de 6% na comparação anual, sustentado pelo aumento das tarifas.

Em uma carta publicada junto ao balanço, o presidente da empresa, Pedro Palma disse que encerrou o ano “satisfeito com o sólido desempenho alcançado, refletindo a execução eficiente do nosso plano estratégico e a consolidação de avanços importantes”.

Ele destacou que a Rumo investiu R$ 5,5 bilhões ao longo do ano. “Reafirmamos nosso papel de protagonismo no desenvolvimento da infraestrutura logística brasileira”, declarou.

O montante foi 47,8% acima do investido em 2023. Do total, R$ 1,7 bilhão foi destinado à construção da Ferrovia de Mato Grosso, que avançou com obras em 160 km de extensão.

Nas principais regiões agrícolas, o market share da Rumo seguiu em alta.

No Mato Grosso, a empresa ampliou sua participação em 5 pontos percentuais, atingindo 46% da exportação de grãos no estado. Das 58,5 milhões de toneladas exportadas a partir da região, 27,2 milhões passaram pela ferrovia da companhia. Em Goiás, a participação chegou a 25%, avanço de 7 pontos percentuais no ano.

Nos portos, mais mercado. No Porto de Santos, a participação da Rumo na exportação de grãos subiu para 59%, um aumento de 8 pontos percentuais frente ao ano anterior. nas operações em Paranaguá (PR) e em São Francisco do Sul (SC), o market share alcançou 29%, 4 pontos acima do registrado em 2023.

O crescimento da receita também foi impulsionado pelo aumento do preço do frete. Por TKU, a tarifa subiu 24% em um ano, atingindo uma média de R$ 160 por mil TKUs. O avanço ajudou na margem Ebitda da empresa, que passou de 51,7% ao final de 2023 para 55% em dezembro de 2024.

A companhia ainda somou outros R$ 685 milhões em receita com a operação de contêineres, alta de 22,5% em um ano. Nos doze meses de 2024, foram transportados 4,1 bilhões de TKUs nesse segmento.

A alavancagem financeira da Rumo encerrou o ano em 1,4 vez a dívida líquida sobre o Ebitda ajustado, uma queda frente ao patamar de 1,8 vez no final de 2023. A empresa encerrou o ano de 2024 com uma dívida líquida de R$ 11,0 bilhões, um aumento de 8,3% em relação aos R$ 10,2 bilhões registrados ao final de 2023.

Para 2025, mais investimentos e mais transporte

A Rumo também divulgou suas projeções para 2025, indicando expectativas de crescimento nos principais indicadores operacionais e financeiros.

A companhia estima um volume transportado entre 82 bilhões e 86 bilhões de TKUs, o que traria um aumento de 2,7% a 7,7% em relação ao visto em 2024.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) projetado para o ano que vem é de R$ 8,1 bilhões a R$ 8,7 bilhões, acima dos R$ 7,7 bilhões de 2024.

O crescimento leva em consideração tanto o aumento de volumes quanto tarifas mais altas neste ano.

Já os investimentos (Capex) previstos para 2025 devem ficar entre R$ 5,8 bilhões e R$ 6,5 bilhões, um crescimento entre 5% e 18% sobre os R$ 5,5 bilhões investidos em 2024.

De acordo com a empresa, os novos aportes servirão para ampliar a infraestrutura ferroviária, principalmente nas obras na ferrovia de Mato Grosso e melhorias na Malha Paulista.

Redução no valor dos ativos

No balanço a empresa cita um prejuízo líquido de R$ 948 milhões no ano passado. Ao mesmo tempo, trouxe o lucro líquido ajustado de R$ 2 bilhões. Mas qual indicador que “vale”?

A diferença entre os números se deve a um ajuste contábil: a empresa registrou uma provisão de R$ 3,1 bilhões referente à reavaliação do valor de ativos da Malha Sul, impactada por desafios operacionais.

Na prática, esse ajuste conhecido como impairment, funciona como uma correção no valor que a empresa atribui a um ativo, no caso, a Malha Sul.

Percebendo que a ferrovia não valia mais tanto quanto antes, a empresa reduziu o valor no balanço, gerando um impacto contábil negativo.

Porém, esse ajuste não significa que a empresa perdeu dinheiro, pois apenas reavaliou o tamanho do seu patrimônio, sem efeito no faturamento de 2024, e consequentemente, no resultado líquido que a companhia colocou em caixa