No começo de 2024, a mineira Suinco, cooperativa e processadora de alimentos de origem suína, traçou uma meta bem definida: alcançar R$ 1 bilhão de faturamento nesses 12 meses, o que traria um avanço de 25% frente ao arrecadado em 2023.
Para chegar nesse montante, a preparação já começou em 2017 e acumula um investimento de R$ 160 milhões desde então, focado principalmente em melhorias de infraestrutura na fábrica.
Ao AgFeed, Weber Vaz de Melo, diretor comercial e industrial da Suinco, se mostrou preocupado com o andamento da meta, e citou alguns problemas de atraso logístico que a empresa enfrentou desde então.
“Primeiro tivemos pandemia e faltou ferro e até piso para instalação no chão. Esse ano, as coisas aceleraram, mas aí veio a inundação no Rio Grande do Sul e nosso material vindo de lá - equipamentos elétricos, painéis de controle, câmeras -, atrasou de novo”, afirma.
Apesar da preocupação, a expectativa do diretor é que até setembro essas melhorias já estejam funcionando. Com isso, a empresa passa a entrar num novo momento, tanto operacional quanto de investimentos.
Weber Vaz de Melo revelou ao AgFeed que a Suinco pretende investir até o final do ano que vem outros R$ 110 milhões para automatização de sua fábrica, localizada em Patos de Minas (MG).
“A cooperativa vem crescendo e estamos num momento com uma parte do trabalho atrasado e já buscando investimento para a frente. Nossa intenção é aumentar a robotização da indústria”, afirmou.
Segundo ele, a ideia da Suinco é automatizar toda parte de abate, robotizar o processo de desossa e trocar o processo de insensibilização animal de eletrochoque para um método que utiliza CO2.
O executivo acredita que esses processos trarão mais qualidade ao produto ao mesmo tempo em que evita a contaminação, pois diminui a ação humana dentro da fábrica.
Um dos motivos para essa automatização é a falta de mão de obra qualificada. “Estamos com mais de 100 vagas de emprego e buscando funcionários. Buscamos algumas equipes de venezuelanos para trabalhar conosco, e outros players do setor estão fazendo o mesmo. A saída que eu vejo para essa falta de mão de obra é a automatização”, cita.
Os R$ 110 milhões serão desembolsados via alguns empréstimos feitos com bancos e agentes do setor financeiro.
O fim das obras, previsto para setembro, também engloba um aumento de produção na fábrica. Atualmente, são abatidas 2,2 mil cabeças por dia e a projeção é passar para 3,7 mil daqui alguns meses.
Esse aumento, além de demandar mais funcionários e estrutura, pode mudar o mix de vendas da empresa. Atualmente, 90% dos produtos da empresa são vendidos para o mercado externo e 10% para fora do País.
Por aqui, são mais de 10 mil clientes que incluem grandes grupos varejistas, como GPA (dona do Pão de Açúcar) e Carrefour. No Brasil, a empresa atua principalmente “de Goiás para a direita no mapa”, segundo o executivo. A intenção é ganhar mercado “para a esquerda”, principalmente no Centro-Oeste e em estados como Amazonas, Pará e Acre.
“Nosso objetivo é ser uma das maiores empresas de carne suína do País”, disse o diretor comercial.
A ideia é que o aumento de produção também sirva para crescer também as exportações, principalmente para países e regiões que exigem mais cuidados no processo fabril, segundo o diretor, como Europa, China e Japão.
“Tudo que temos feito abre portas para o mercado global. Com um abate diário de 3750 animais, teremos que exportar uma parte e aumentar o percentual de vendas externas para 20% na Suinco”, revelou.
O perfil do cooperado é variado e conta com suinocultores que possuem de 500 até mais de 10 mil matrizes. Um dos maiores cooperados é Décio Bruxel, que também é presidente do conselho da cooperativa. Além de suinocultor com 11 mil matrizes, o empresário também é produtor de café e, junto de sua família, possui cerca de 18 mil hectares de terra.
Weber Vaz de Melo é um executivo com experiência no setor de proteína animal. Com uma formação bancária, já atuou em indústrias de aves e de bovinos, gerenciando filiais e como consultor comercial.
Por 17 anos atuou na Saudali, o Frigorífico Industrial do Vale do Piranga, onde afirma ser o responsável pelo lançamento de alguns produtos no mercado. “Frigorífico que ‘só vende carne’ dá prejuízo. Reinventamos a empresa e desenvolvemos novos produtos. A picanha suína, quem inventou fui eu, na intenção de agregar valor numa peça de pernil”, afirmou
Ele se juntou à Suinco em 2017, e disse que quando visitou a indústria pela primeira vez, viu inúmeras possibilidades de negócio. “Vi que havia muito a ser feito, e vi na cooperativa o mesmo potencial na empresa que havia ficado 17 anos. Em quatro meses de trabalho já passamos a operar no azul, e vamos continuar crescendo”, concluiu.