Rubens Ometto é um dos maiores empresários do agro Brasileiro. Com uma fortuna avaliada em R$ 1,9 bilhão, o executivo fez história no segmento sucroenergético comandando o grupo Cosan, onde hoje atua como presidente do conselho de administração.

No portfólio do conglomerado, que é dona de empresas como a Raízen, Comgás, Moove, Rumo e Shell, existem cinco anos de projetos traçados, conforme revelou Ometto ao jornalista Carlos Sambrana, na entrevista de estreia do programa É Negócio, uma parceria da CNN Brasil e o site NeoFeed.

Dentre esses projetos, uma aposta no futuro do etanol e suas aplicabilidades variadas e em outros biocombustíveis está nos planos de Ometto. Ao ser questionado sobre o futuro do etanol e como o Brasil pode se posicionar como um dos líderes mundiais nos biocombustíveis, ele garantiu que ações têm sido tomadas para tal.

“Estamos hoje discutindo com o Congresso, o BNDES e o Ministério da Fazenda um projeto para incentivar o uso de créditos tributários e fiscais para serem usados em projetos de energias renováveis”, declarou o empresário ao programa.

Segundo Ometto, nos últimos governos, ou não havia uma valorização do meio ambiente ou o etanol enquanto combustível para automóveis foi “sacrificado” por políticas variadas.

Com a pandemia e as recorrentes alterações climáticas, ele vê que aos poucos o País tem dado mais importância ao tema. “O Brasil está procurando se defender e dar valor a isso”, disse.

No etanol, a Raízen, uma das maiores companhias do grupo, produz cerca de 3 bilhões de litros de por ano e, desde setembro passado, conta também com duas plantas para produção de etanol de segunda geração (E2G) a partir da transformação da celulose do bagaço da cana.

Com 20 unidades de E2G previstas até o ano-safra 2030/31, que receberão um investimento total de R$ 24 bilhões, haverá um acréscimo de capacidade de 1,6 bilhão de litros anuais.

“Os negócios da Cosan são irreplicáveis. Você não faz hoje uma empresa igual a Raízen, com 36 usinas de açúcar e álcool, com 8,5 mil postos de combustível no Brasil, Argentina e Paraguai. Ninguém tem essa distribuição e a tecnologia para produzir etanol de segunda geração e biogás”, comentou ao É Negócio.

Natural de Piracicaba e engenheiro pela USP, Rubens Ometto começou a trajetória profissional em bancos e foi pro negócio da família em 1986. Nos primeiros anos, ficou conhecido por adquirir usinas com dificuldades financeiras e recuperá-las.

Essa atuação o garantiu o posto de ser um dos pioneiros da modernização do setor sucroalcooleiro.

Em sua autobiografia escrita em 2020, ele dizia que, nos anos 1980, o grupo era “um conjunto de usinas familiares de cana-de-açúcar no interior do estado de São Paulo”. Hoje, o está avaliado em R$ 31,8 bilhões em valor de mercado.

A diversificação dos negócios da Cosan e a ideia de estar em todas as partes da cadeia energética é resultado de uma personalidade “inconformista”, como ele mesmo se descreve.

Após uma trajetória de sucesso no setor sucroenergético, a empresa abriu capital em 2005. Vendo uma crítica do mercado de capitais de que o lucro operacional da empresa era sazonal, Ometto vislumbrou uma oportunidade de fazer uma cogeração de energia pelo bagaço da cana, o que segundo ele, tornou “os resultados mais constantes”.

Após essa primeira empreitada no ramo de energia, viu uma chance de investir e entrar no setor de termelétricas à gás, o que resultou na compra da Comgás em 2012.

Pensando no caminho feito pelo etanol produzido pela Cosan até a distribuição, fez uma sociedade com a Shell em 2021, que foi comprada pela Raízen e deu ao grupo essa rede de postos.

Antes disso, ainda na parte logística, na ideia de melhorar o transporte, a Rumo, controlada da Cosan, se aproveitou de um acordo entre a Cosan e a ALL para transportar açúcar a granel pela operadora.

“A ALL tinha as grandes malhas ferroviárias que passávamos com os trens e entrou em dificuldade financeira. Compramos”, disse.

A própria Raízen, uma das gigantes do grupo, nasceu de uma oportunidade de mercado. Segundo Ometto, a Shell e outras multinacionais como a Esso (cuja operação no Brasil também foi adquirida pela Cosan), estavam desapontadas com a distribuição de combustíveis por adulteração e sonegação. “Nós os convencemos a ficar, fundimos Shell e Cosan e criamos a Raízen”, explica.

Na parte de terras agrícolas, a Cosan procurou o TIIA, fundo de pensão de professores americanos, para que se tornasse sócio da Radar, gestora de propriedades rurais da empresa.

A gestora que administra o fundo TIIA, a Nuveen, adquiriu também recentemente uma parte da Raízen. Em comunicado enviado ao mercado, a Raízen informou que a empresa passou a administrar 76,6 milhões de ações da Raízen, 5,64% do total das ações preferenciais da companhia.

As inquietações de Ometto não ficaram restritas somente à aquisições e novos negócios criados pela empresa.

Ele conta que quando a empresa ganhou a autorização de ser o primeiro grupo privado a exportar açúcar do Brasil, existia um custo de colocar o produto no navio de US$ 30 por tonelada.

Por questões burocráticas que envolviam uma sacaria específica, a Cosan e Ometto foram atrás para mudar a lei, e com as melhorias contínuas e uma liberação maior para a empresa responsável pela sacaria, o custo caiu para US$ 3 por tonelada.

“Quando foi pra embarcar, a lei dizia que era preciso fazer através da Codesp. Fomos atrás do governo para fazer um leilão de privatização”, acrescenta.