A briga entre minoritários e os maiores acionistas da Terra Santa Propriedades Agrícolas teve mais um capítulo, com a renúncia de Lucila Prazeres de seu posto no Conselho de Administração da empresa, anunciada nesta quinta-feira.
O AgFeed mostrou esta semana os bastidores de uma disputa liderada pelos minoritários da Terra Santa, que questionam principalmente os valores de avaliação das terras da empresa, desde a época em que parte de suas operações foram incorporadas pela SLC Agrícola.
Segundo a Esh Capital, acionista que requereu a assembleia que será realizada no dia 26 de julho pedindo a suspensão dos direitos de voto dos majoritários, Prazeres tinha sido indicada pelos minoritários e exercia efetivamente a função de conselheira independente.
No dia 11 de maio, o Conselho de Administração da Terra Santa PA se reuniu para aprovar as demonstrações financeiras do primeiro trimestre de 2023.
Segundo a ata da reunião, o voto de Prazeres foi feito em separado e arquivado na sede da companhia. A Esh Capital não teve acesso ao voto da conselheira, requisitado formalmente à área de Relações com Investidores.
Em resposta à requisição feita pela Esh, a diretoria de RI da Terra Santa afirma que, embora a ata da reunião de 11 de maio faça referência ao arquivamento do voto da Prazeres, “a conselheira não apresentou voto escrito na reunião”.
A empresa respondeu ainda que avaliaria uma eventual retificação da referência ao voto em separado.
Desde o fechamento da reestruturação resultante da venda das operações agrícolas da Terra Santa Agro para a SLC, numa transação de R$ 550 milhões, a Esh Capital, que possui participação de 4,5% no capital da Terra Santa PA, tem contestado as bases da negociação e alegado falta de transparência por parte dos maiores acionistas da empresa.
Como consequência, a gestora de investimentos pediu a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária, que foi aceita e marcada pela Terra Santa para o dia 26 de julho.
Segundo o comunicado sobre a renúncia de Prazeres, a próxima assembleia de acionistas terá na pauta a eleição de um novo conselho de administração.
A Esh contesta os laudos que foram realizados tanto para avaliação do valor de mercado da então Terra Santa Agro quanto para o contrato de arrendamento de terras com a SLC, firmado no âmbito da fusão.
O acionista relata que nas discussões do conselho sobre os pedidos de acesso aos laudos que basearam a Terra Santa nas operações, Prazeres teria dito que não poderia concluir se as contestações feitas pela Esh eram legítimas ou não, pois não tinha acesso aos documentos.
Procuradas pela reportagem, a Terra Santa Propriedades Agrícolas e a executiva Lucila Prazeres não se manifestaram.