Apesar de registrar queda no faturamento em 2023, a Cooxupé, Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé anunciou a distribuição de R$ 101,4 milhões aos cerca de 19 mil cooperados nas chamadas “sobras”, uma espécie de dividendo definido pelas regras do cooperativismo no Brasil.

A Cooxupé informou ter tido um resultado de R$ 286,8 milhões em 2023, quantia que ficou acima dos R$ 270 milhões registrados no ano anterior. As sobras distribuídas aos cooperados tiveram alta de 71%.

Já o faturamento da cooperativa caiu para R$6,4 bilhões, um recuo de 37% em relação aos R$ 10,1 bilhões de 2022.

O presidente da Cooxupé explicou em entrevista coletiva que a receita menor está relacionada principalmente aos problemas logísticos, que postergaram alguns negócios de exportação, em função de custos elevados e até falta de contêineres.

Em 2023, a Cooxupé recebeu 6,5 milhões de sacas de café arábica, das quais 5,3 milhões vieram dos cooperados do Sul e Matas de Minas, cerrado mineiro e média mogiana do estado de São Paulo.

As vendas da cooperativa totalizaram 4,5 milhões de sacas enviadas aos mercados interno e externo, das quais 3.6 milhões foram exportadas. Segundo a Cooxupé, ao todo foram atendidos 50 países, com destaque para Estados Unidos, Alemanha, Bélgica e China.

O crescimento expressivo nas sobras, apesar da receita menor, se deve aos ganhos financeiros à medida que os cooperados quitaram operações fechadas em períodos anteriores.

“Em 2022 ajudamos os cooperados que tiveram problemas com geada e chuva de granizo, fizemos a prorrogação de mais de 300 mil sacas de café. Agora em 2023 eles honraram todas estas operações que foram feitas e isso trouxe de volta o resultado que havia sido tirado de 2022”, explicou o vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho, que também conversou com os jornalistas.

Para 2024, a cooperativa reafirmou que meta de aumentar o recebimento de 6,5 milhões de sacas para 7 milhões de sacas, principalmente em função de ter expandido a área de atuação e contar com novos cooperados.

Carlos Augusto Melo confirmou a intenção da Cooxupé em investir nos mercados de soja e milho, o que foi antecipado pelo AgFeed, com exclusividade, no início da semana.

“É um projeto de grande envergadura, mas que por enquanto não posso detalhar”, afirmou Melo ao grupo. Ele lembrou que a operação hoje se restringe às trocas na venda de insumos para quem produz grãos e à fábrica de rações, mas admitiu que um levantamento da equipe técnica identificou um grande potencial no segmento, faltando investir na parte logística.

O balanço da Cooxupé também reportou que a cooperativa se manteve na sexta posição entre os fabricantes de café torrado e moído, com foco no varejo brasileiro, em volume, segundo dados do Retail Index, Nielsen IQ. No ano passado a torrefação da cooperativa processou mais de 280 mil sacas de café cru resultando em 13.862.578 kg de café produzido.