A nova agenda da Raízen começou. Na missão de fortalecer o caixa e dar mais rentabilidade ao negócio, a empresa deu um passo de R$ 475 milhões nesta sexta-feira.
Por esse valor, a companhia concluiu a venda de 31 projetos de geração solar distribuída, com capacidade de 128 MWp (Megawatt-pico), para a Brasol, uma empresa que tem a BlackRock e a Siemens como sócios.
Essa agenda da nova Raízen foi iniciada com mudanças na sua diretoria anunciadas há cerca de um mês. Dentre os destaques, o então CEO Ricardo Mussa, que deixou o grupo, foi substituído por Nelson Gomes, que era CEO da Cosan.
Nos termos desta compra da Brasol, que já foi aprovada pelo Cade, a Raízen receberá os valores na medida em que os projetos forem desenvolvidos pela compradora.
A companhia estima que esse fluxo comece a partir de janeiro de 2025, com previsão de conclusão até março de 2027.
A empresa também informou nesta sexta, em comunicado ao mercado, que vai reduzir de 50% para até 27,4% sua participação na Raízen Paraguay, a antiga Barcos y Rodados, uma operação de mobilidade no território paraguaio.
Com o movimento, calcula que deixará de desembolsar US$ 54 milhões, ou R$ 320 milhões pela cotação atual, até novembro de 2026.
A Raízen tem sido alvo de uma série de especulações de vendas de ativos. No começo deste ano, o Valor Econômico divulgou que a empresa pretendia arrecadar R$ 1 bilhão com vendas de centrais de geração de energia renovável.A publicação disse que a companhia estuda vender uma usina de açúcar e etanol em Leme (SP).
Outros rumores apontavam que a Raízen estuda também a venda de sua participação na rede de lojas de conveniência OXXO, que mantém em sociedade com o grupo mexicano Fomento Economico Mexicano SAB, e de participações em unidades de produção de etanol de segunda geração (E2G), um ambicioso projeto com o objetivo de, até o final da década, colocar a companhia como protagonista no mercado global de biocombustíveis.
Em reportagem recente, o AgFeed mostrou que o sentimento entre alguns acionistas era mesmo de que a venda de ativos seria uma ação necessária, já que, apesar de seu gigantismo e da sua ambição, a Raízen praticamente não gerava caixa e seu ritmo forte de investimentos, em um cenário de juros altos, podia comprometer a alavancagem.