Um dia depois de a ADM, uma das maiores tradings de commodities do mundo, apresentar resultados enfraquecidos no primeiro trimestre de 2025, foi a vez de sua concorrente Bunge também divulgar números negativos.

Em balanço divulgado nesta quarta-feira, dia 7 de maio, a companhia reportou um lucro líquido de US$ 201 milhões nos três primeiros meses de 2025, número que representa uma queda de 17,6% em relação aos US$ 244 milhões registrados no primeiro trimestre de 2024.

O ebit ajustado (lucro antes de impostos e taxas) também recuou, passando de US$ 676 milhões no começo de 2024 para US$ 362 milhões agora.

A receita com vendas no período seguiu a mesma tendência e contraiu 13,6%, passando de US$ 13,42 bilhões entre janeiro e março de 2024 a US$ 11,64 bilhões no mesmo período deste ano.

No segmento de agronegócio, o mais relevante dentro da empresa, a receita com vendas recuou de US$ 9,7 bilhões para US$ 8,1 bilhões, assim como os volumes, que caíram de 20,1 milhões de toneladas para 18,2 milhões de toneladas.

Dentro da área, a divisão de processamento de oleaginosas teve recuo em seu ebit, que passou de US$ 411 milhões no primeiro trimestre de 2024 para US$ 207 milhões no mesmo período deste ano.

"Os resultados mais altos nas cadeias de valor de esmagamento de soja do Brasil, Europa e Ásia foram mais do que compensados pelos resultados mais baixos na América do Norte, Argentina e sementes de soja europeias", disse a Bunge.

Ainda dentro da área de agronegócio, o resultado do setor de comercialização também contraiu, com o ebit ajustando recuando de US$ 76 milhões no primeiro trimestre de 2024 para US$ 61 milhões agora, com resultados enfraquecidos de frete marítimo pesando na conta.

Na área de óleos refinados e especiais, a receita com vendas também contraiu, recuando de US$ 3,2 bilhões para US$ 3 bilhões. O ebit ajustado recuou de US$ 204 milhões para US$ 123 milhões.

"Com exceção da Ásia, os resultados caíram em todas as regiões, refletindo um ambiente global de oferta e demanda mais equilibrado, impulsionado em parte pela incerteza nas políticas de biocombustíveis dos EUA", disse a Bunge.

Na parte de moagem de açúcar, mais quedas: a receita com vendas caiu de US$ 381 milhões nos três primeiros meses de 2024 para US$ 375 milhões no mesmo período de 2025.

Greg Heckman, CEO da Bunge, parece ter tentado ver o copo meio cheio ao comentar os resultados na nota divulgada junto com os resultados.

"Nossa equipe apresentou um início de 2025 melhor do que o esperado, mantendo-se ágil em um ambiente de mercado em rápida evolução, ao mesmo tempo em que continuamos atendendo nossos clientes em ambas as pontas da cadeia de valor", disse.

"Anunciamos acordos para a venda de nossos negócios de margarina na Europa e de moagem de milho nos EUA, à medida que alinhamos ainda mais nossos ativos com nossas cadeias de valor globais integradas. Estamos na fase final da aprovação regulatória para nossa fusão com a Viterra e estamos preparados para fechar rapidamente assim que recebermos a aprovação", acrescentou.

Um novo obstáculo apareceu recentemente na operação de compra da Viterra, que se arrasta desde 2023.

A Bunge agora aguarda a aprovação da China para fechar compra da Viterra. O processo de avaliação do negócio por parte das autoridades chinesas está parado no momento.

É mais um capítulo de uma transação de US$ 18 bilhões – US$ 8 bilhões em compra de ações e o restante assumindo dívidas – que se iniciou desde junho de 2023, quando a operação foi fechada.

A Bunge esperava que o negócio se concluísse em um ano, mas não contava com o longo escrutínio de mais de 40 países onde as duas empresas têm operação.

Em janeiro deste ano, houve um avanço importante quando autoridades do Canadá, país onde a Viterra tem forte presença e a Bunge também atua, autorizaram a operação, ainda que com ressalvas.

Agora, o problema estaria na China, onde não se esperava uma fusão entre as duas empresas, que estão presentes no país.

Enquanto o negócio com a Viterra não sai, a Bunge continua projetando um lucro por ação de US$ 7,75.

A companhia também informou que os resultados anuais previstos para a área de agronegócio devem ser mais baixos do que o previsto anteriormente, especialmente em função dos núnmeros enfraquecidos de processamento.

A projeção para a divisão de Óleos refinados e essenciais segue a mesma, com resultados inferiores ao do ano passado, principalmente por um ambiente mais equilibrado de oferta e demanda na América do Norte.

Na Bolsa de Nova York, as ações da Bunge começaram o pregão desta quarta-feira em baixa. Por volta das 11h10 (horário de Brasília), recuavam 0,56%, cotadas a US$ 77,72.

Resumo

  • A Bunge registrou lucro líquido de US$ 201 milhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 17,6% em relação ao mesmo período de 2024
  • A área de agronegócio, principal divisão da empresa, teve redução na receita com vendas e nos volumes comercializados
  • Companhia manteve projeção de lucro por ação de US$ 7,75 em 2025