Esperando uma alta no preço do açúcar devido ao possível El Niño neste ano, analistas do Bank of America, o BofA, passaram a projetar um aumento da receita da São Martinho, um dos maiores grupos sucroenergéticos do Brasil.
Em relatório enviado a clientes, os analistas do banco Isabella Simonato e Guilherme Palhares elevaram a projeção para o lucro operacional da empresa, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da companhia para 2024 e 2025 em 1% e 17,5%, respectivamente.
A expectativa de Simonato e Palhares é de um Ebitda de R $3,8 bilhões no próximo ano e de R$ 4,18 bilhões no seguinte. Já a projeção para o preço da libra-peso do açúcar aumentou em 12% e 24%, para as safras 2023/24 e 2024/25. Os valores esperados pelo BofA são de US$ 23 em ambos os anos.
Diante dessa perspectiva, o BofA também aumentou o preço-alvo para as ações da companhia listadas na B3 de R$ 32 para R$ 37 ao final deste ano. Com base no preço do último fechamento, eles acreditam numa valorização de 9,2% frente a cotação atual.
“Há uma probabilidade crescente de um forte El Niño este ano, o que pode resultar em um inverno mais úmido e frio no Brasil e uma estação de monções mais seca no Sudeste Asiático. No último El Niño forte, em 2015/16, a produção global de açúcar caiu cerca de 15%”, comentam os analistas do BofA.
O fenômeno altera a colheita, pois um inverno mais úmido tem potencial para prejudicar a concentração de sacarose na cana-de-açúcar, além de atrapalhar o ritmo da moagem. Com uma menor oferta de açúcar, o preço da commodity pode disparar.
Segundo um estudo recente da HedgePpoint Global Markets, o centro-sul brasileiro pode sofrer com os efeitos do fenômeno na safra 2023/24.
“Tanto a cana quanto a beterraba, que originam o açúcar, precisam de chuva, umidade do solo e sol para um bom desenvolvimento durante sua fase de crescimento. Mudanças nas condições climáticas regulares podem afetá-las diretamente e, dessa forma, impactar a produção total do adoçante”, afirma a analista do HedgePoint, Livea Coda.
Nas estimativas do BofA, se o cenário do El Niño se aproximar do visto em 2015/16, os estoques globais de açúcar podem ficar em 50% na próxima safra.