Preços de commodities em queda têm sido apontados, com razão, como os vilões dos balanços das companhias agrícolas. Não atingiram, porém, Boa Safra e Terra Santa, que divulgaram seus resultados na noite da quinta-feira, 10 de agosto.

As duas empresas tiveram um segundo trimestre com avanço nos lucros. E justificaram o desempenho com o mesmo discurso: estavam protegidas por terem feito hedge nos preços para evitar oscilações futuras.

Na Terra Santa, companhia que é mais focada no mercado imobiliário rural, o lucro líquido avançou 81% no segundo trimestre de 2023 em relação ao mesmo momento em 2022. O montante passou de R$ 3 milhões ano passado para R$ 5,4 milhões.

No balanço, a empresa explicou que o resultado foi impulsionado por uma melhora do preço de fixação da soja do contrato de arrendamento do ano safra 2022/23 quando comparado ao ano safra 2021/22.

“Para antecipar a fixação do preço da soja e evitar preços menores no momento do recebimento do valor correspondente ao arrendamento, observamos o melhor momento dos futuros da soja para fixar antecipadamente o preço e aumentar as receitas futuras”, destacou a Terra Santa em seu balanço.

A companhia explicou que fez isso pois, pelo contrato de arrendamento das terras que possui com com a SLC Agrícola, tem a receber ao final de abril de cada ano o valor correspondente a 17 sacas de soja por hectare arrendada a cada 3 anos

Além disso, houve uma queda das despesas operacionais da Terra Santa. As despesas gerais e administrativas apresentaram redução de 46,6% do segundo trimestre de 2022 para cá, passando de R$ 11,1 milhões para R$ 5,9 milhões. A empresa viu uma redução de R$ 4,6 milhões de serviços de terceiros e também uma redução na remuneração dos administradores.

No período, a receita líquida da Terra Santa foi de R$ 24,8 milhões, aumento de 8%.

Já na Boa Safra, o lucro subiu 416% na comparação anual e fechou o segundo trimestre em R$ 27,8 milhões.

“A volatilidade do resultado da companhia no período está relacionada à antecipação da venda de grãos e outras sementes, que impactaram o lucro bruto e o líquido”, disse a companhia.

Na avaliação dos analistas da Genial Investimentos, o principal destaque do trimestre e do semestre da Boa Safra foi a evolução da carteira de pedidos, que atingiu R$ 1,2 bilhão, um montante 40% maior que em 2022, um recorde para a empresa.

“Isso sinaliza que o segundo semestre deste ano deve ser positivo para a empresa, porém deve ser impactado pela queda no preço da soja”, afirmaram Antonio Cozman, Igor Guedes e Lucas Bonventi, da Genial.

A Boa Safra ainda reportou uma receita líquida de R$ 134,4 milhões, apresentando um crescimento de 7,3% frente ao ano anterior. O indicador foi impulsionado pela venda do estoque de grãos e a operação de milho.