Santa Filomena (PI) - Na Case IH, uma das marcas da CNH, gigante global de máquinas agrícolas, posicionar-se como uma empresa que vai além da venda de tratores é o caminho para driblar um mercado difícil para o setor.

Assim, se a conjuntura tem mostrado um encolhimento no número de unidades comercializadas pela indústria, a aposta da empresa tem sido falar em tecnologia para ampliar sua presença no segmento em que a marca tem, historicamente, um bom desempenho

“Somos muito focados em atender grandes clientes, até porque é um nicho de mercado que representa grande parte da produção brasileira”, afirma o diretor comercial da companhia no Brasil, Denny Perez, em entrevista ao AgFeed.

É por meio do programa chamado Ag Leaders que a empresa faz essa atuação. Segundo Perez, ali estão 280 clientes com mais de 30 mil hectares cada. “Cerca de 18% do faturamento da companhia é originado desses clientes”, conta.

A empresa também atua com produtos para clientes menores, mas o foco dos investimentos está em tecnologia para grandes clientes, afirmou o executivo. “Não só em tecnologia, mas no visual e no formato de atendimento, comercialização e de novos serviços como assessoramento agronômico”.

Além disso, a companhia também tem ampliado sua atenção às chamadas regiões de abertura, como no Matopiba. Perez estima que 8% do mercado nacional de máquinas (tratores e colheitadeiras) está na região.

Essas estratégias encontram um momento de mercado um pouco mais otimista para o futuro. Em seus cálculos, o mercado de máquinas hoje no Brasil está em torno de 48 mil tratores e 4 mil colheitadeiras, número que deve se repetir em 2025.

A estabilidade mostra uma luz no fim do túnel depois de anos subsequentes de queda. A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) prevê um faturamento no setor de R$ 50 bilhões neste ano, 25% abaixo dos R$ 74 bilhões de 2023. O número do ano passado, por sua vez, já veio abaixo dos quase R$ 100 bilhões de 2022.

Considerando os números da CNH, dona da Case e também da New Holland, do terceiro trimestre deste ano, a demanda por tratores e colhedoras caiu 12% e 32%, respectivamente quando comparado ao ano anterior.

A CNH Industrial registrou nos trimestre encerrado em setembro um lucro líquido de US$ 310 milhões, queda de 43% em comparação ao mesmo período de 2023. A receita recuou 22% na mesma comparação, e bateu US$ 4,6 bilhões.

Do mercado atual brasileiro, Perez afirma que a Case tem um share de mais ou menos 10%. Porém, quando levado em consideração grandes clientes, a participação no mercado sobe para 25%.

“Apesar de o mercado estar retraído em relação ao ano passado e a patamares pré-pandemia, ainda é um mercado de 48 mil tratores por ano. Não é um mercado ruim e nós vamos passar por ele continuando a investir”, afirmou Perez.

Avaliando o mercado deste ano, Perez, da Case, avalia que os tratores de menor potência foram os que se mostraram mais resilientes. “Foi um mercado que não caiu e ajudou com que o mercado total de tratores caísse menos do que o de colheitadeiras”, diz.

Dentro da proposta de agregar valor tecnológico, a empresa se prepara para lançar seus drones agrícolas no ano que vem. O anúncio foi feito na Agrishow deste ano e, em janeiro, devem entrar na linha comercial da companhia.

A estratégia da Case para esse mercado é complementar a aplicação feita via tratores ou aviões agrícolas. “O drone pode fazer tanto uma aplicação seletiva quanto em pequenas áreas. Em muitos cantos de talhões, o trator tem dificuldade de entrada, e o drone se encaixa bem nessa proposta”, afirmou.

A companhia entrará com dois modelos no mercado, com preços que variam entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. O primeiro drone, de 30 litros de capacidade ou para fertilizantes ou para sementes, se encaixa na média do mercado atual.

O outro, de 70 litros, estreia no mercado já como o maior da categoria, segundo explicou Felipe Oliveros, gerente comercial de novos negócios de P&S da CNH para América Latina.

De acordo com Oliveros, o modelo de negócios para os drones inclui tanto a venda direta quanto através da prestação de serviços, com as concessionárias da marca vendendo aplicações pontuais aos agricultores clientes.

No ano que vem, diz Perez, a Case IH deverá levar uma série de novidades para a Agrishow, principal feira quando o assunto é as máquinas agrícolas. Além de levar novamente os drones, dessa vez já comercialmente no mercado, ele afirmou que a companhia deve reforçar a aposta em “novas fontes energéticas”, como motores a etanol.

“É algo que já temos visto, mas vamos trazer coisas mais sólidas ao mercado”, adianta. “O que temos feito é buscar oportunidades na tecnologia, onde trazemos retornos maiores e mais rápidos para o agricultor. Investindo nisso, ele inova a frota e diminui suas despesas com produção”.

Parceria com a TIM

O AgFeed conversou com os executivos da Case IH na Fazenda Serra do Ovo, pertencente ao grupo Sierentz Agro Brasil, e uma das propriedades que foram conectadas pela parceria da companhia de máquinas e pela TIM.

Pelos termos do acordo, a cada R$ 15 milhões investidos em máquinas da Case IH, uma torre da operadora é instalada na propriedade. No caso dessa fazenda, foram duas torres.

De acordo com Leonardo Belotti, diretor Comercial IoT & 5G da TIM Brasil, a operadora é hoje a líder em rede móvel, com 5,5 mil cidades com cobertura 4G.

“Hoje já são 18,2 milhões de hectares cobertos com essa tecnologia e a tendência é encerrar o ano com 20 milhões de hectares”, afirmou.

Hoje a TIM possui torres de conectividade em fazendas de gigantes do agro como Citrosuco, Jalles Machado, SLC Agrícola, BP Bioenergy e Amaggi.

Na fazenda Serra do Ovo, do grupo Sierentz, as duas torres trazem uma cobertura de 59 mil hectares com 4G.

Na região entre o Maranhão e o Piauí, Belotti estima 750 mil hectares cobertos com torres da companhia, conectando operações da BrasilAgro, Lavoro, SLC e da Insolo, de biológicos.