Da última sexta-feira (28) para cá, os papéis da Suzano negociados na B3 já subiram quase 7%. A boa notícia para os acionistas veio depois de a produtora de papel e celulose divulgar seu balanço do primeiro trimestre de 2023, na noite anterior.

Na manhã da sexta, antes da abertura do mercado, bancos e corretoras consideraram, por meio de relatórios enviados a clientes, que os resultados do período ficaram aquém das expectativas.

O Itaú BBA, banco de investimentos do Itaú, por exemplo, considerou o trimestre encerrado em março da companhia como “fraco”, e chegou a diminuir sua projeção de preço para as ações da mesma de R$ 62 para R$ 51 ao final de 2023.

Contudo, assim que a Bolsa abriu, as ações da Suzano operaram em terreno positivo e encerraram o pregão em alta de 4,74%, cotadas a R$ 39,80. O cenário positivo visto durante o último dia da semana passada é repetido nesta terça (2). Por volta das 14h30, a ação da companhia avançava 1,91%, cotada a R$ 40,55.

Antonio Cozman, analista do setor agrícola da Genial Investimentos, entende que parte do mercado passou a precificar que o preço atual da celulose pode fazer com que alguns produtores reduzam sua produção, o que traria uma diminuição da oferta, e consequentemente, um avanço no preço da commodity, algo que beneficiaria a Suzano.

No quarto trimestre do ano passado, a celulose era cotada a US$ 826 por tonelada. Ao fim do primeiro trimestre, o produto era avaliado a US$ 721 por tonelada.

Essa visão de que o preço chegou na mínima e que daqui para frente a tendência é de subida é corroborada pelo BTG Pactual.

O banco inclusive incluiu o papel SUZB3 na carteira recomendada para o mês de maio. Os analistas da instituição fizeram essa inclusão ao considerar que os preços da celulose estão sendo negociados abaixo do custo de produção.

“Qualquer recuperação nos preços da commodity pode fazer com que as ações subam”, destaca o banco.

Na visão oposta, Cozman, da Genial, acredita que o preço da tonelada da celulose pode sim continuar a cair nos próximos meses, e vê um espaço para voltar a valorizar apenas no segundo semestre, com uma investida de compra chinesa pelo produto.

“Desde o ano novo chinês, havia uma expectativa de aumento na compra [da celulose] que até agora não foi vista. Teremos uma entrada de novas plantas produtivas no segundo semestre que podem fazer a China entrar no mercado”, comentou Cozman ao AgFeed.

Altos e baixos do primeiro trimestre

Uma das maiores produtoras de celulose do mundo, a Suzano teve um lucro líquido de R$ 5,2 bilhões de janeiro a março de 2023. O montante representa uma baixa de 49% na comparação com o trimestre equivalente em 2022.

Segundo a Suzano, essa baixa é explicada por resultado financeiro menor causado pela queda no preço dos volumes vendidos de celulose, além de perdas com a variação cambial.

Apesar disso, os indicadores operacionais da companhia tiveram uma alta na comparação anual. A empresa vendeu, durante os três primeiros meses do ano, 2,4 milhões de toneladas de celulose e 280 mil toneladas de papel.

Por ano, a empresa costuma comercializar cerca de 10,6 milhões de toneladas de celulose e 1,6 milhão de toneladas de papel.

O lucro operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da Suzano atingiu R$ 6,15 bilhões no primeiro trimestre, montante 20% acima do visto em 2022.

Já a receita líquida foi de R$ 11,2 bilhões no primeiro trimestre de 2023. O valor representa um ganho de 16% frente um ano atrás.

A receita apresentada veio em linha com o esperado por Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, que apontou, em relatório, que a companhia deve continuar pressionada por um patamar elevado de custos por tonelada produzida.

No balanço, o custo caixa para a celulose da Suzano atingiu R$ 973 a cada mil quilos do produto, 8% acima do visto no primeiro trimestre de 2022.

Para além de apresentar seus resultados do trimestre, a Suzano informou na última semana que realizará novos investimentos no Projeto Cerrado, a nova planta de produção de celulose no município de Ribas do Rio Pardo, Mato Grosso do Sul.

O investimento projetado passou de R$ 19,3 bilhões para R$ 22,2 bilhões, com R$ 15,9 bilhões referentes ao investimento de capital industrial e R$ 6,3 bilhões relativos a investimentos florestais e logísticos. Em termos de infraestrutura, a companhia disse que 57% das instalações estão concluídas.

Antonio Cozman, da Genial, avalia que esse aumento do Capex não foi visto com bons olhos pelo mercado, mas que o resultado final do projeto pode ajudar, e muito, a Suzano.

A Suzano espera aumentar sua produção em 20% com o projeto concluído, com um acréscimo de 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto com a planta em pleno funcionamento ao final de 2024.